Greve: Ferroviários em luta na Suécia

O movimento grevista nas linhas do Sul da Suécia entrou na sua terceira semana e ameaça estender-se a todo o país.

Trem se aproxima de estação em Gotemburgo, Suécia

Iniciado no dia 2 de junho por um grupo de 250 trabalhadores, organizados no sindicato Seko (Sindicato dos Serviços e Comunicações), o movimento reivindicativo depressa cresceu, envolvendo mais de 1.200 ferroviários ao serviço da Veolia.

Este grupo francês é o principal operador privado na rede sueca de ferrovias, aberta à dita "concorrência" em 2010.

Desde então não só a reputação de eficiência, confiabilidade e universalidade do serviço tem sofrido duros golpes, como a exploração dos trabalhadores atingiu níveis inéditos.

Aliás, na origem desta greve esteve a demissão de 250 trabalhadores que a Veolia pretendia readmitir na base dos contratos "zero horas". Esta modalidade coloca o trabalhador em total dependência da empresa, obrigando-o a uma disponibilidade permanente, recebendo em troca apenas as horas trabalhadas.

Para travar a precarização do emprego, o SEKO desencadeou a greve pela satisfação de apenas duas reivindicações: a limitação do número de trabalhadores temporários a um máximo de 40 mil horas de trabalho por ano; e que um ano de trabalho temporário se traduza na admissão do trabalhador com um contrato estável.

Por simples e moderadas que pareçam, a confederação patronal ALMEGA e a multinacional francesa Veolia não se mostraram até ao momento dispostas a satisfazer estas exigências dos grevistas.

"As negociações não avançaram, por isso, devemos alargar o movimento e aumentar a mobilização", declarou o dirigente sindical, Erik Sandberg, citado pelo jornal sueco The Local (edição inglesa).

Os comboios não circulam na linha Malmö-Estocolmo, afetando ligações com várias cidades e mais de 75 mil passageiros. A empresa estima prejuízos semanais na ordem de 15 milhões de coroas (1,6 milhões de euros). O tráfego automotivo aumentou 20%.

Agora, o sindicato tem como objetivo convocar uma paralisação a partir da capital, caso o patronato não se sente à mesa das negociações.

Apesar do incômodos, a população parece estar do lado dos grevistas. Pelo menos esse é o sentido de uma recente pesquisa, em que cerca de 70% dos entrevistados se pronunciaram a favor da reintrodução do monopólio estatal nos ferrovias.

Fonte: Avante!