Premiê de Israel anuncia manter a ofensiva, com 779 palestinos mortos

Benjamin Netanyahu, o premiê de Israel, respondeu à condenação mundial contra o massacre dos palestinos de Gaza: a “operação Margem Protetora” deve continuar “com toda a sua força”, disse nesta quinta-feira (24), durante a reunião de gabinete. A ONU prepara uma comissão de investigação dos crimes de guerra enquanto os palestinos seguem tentando denunciar a devastação e contando seus mortos: já são 779, com 85 pessoas mortas apenas nesta quinta.

Por Moara Crivelente, da Redação do Vermelho

Faixa de Gaza - AFP / Bilal Telawi

Nesta quinta-feira, um bombardeio efetuado por um tanque israelense contra uma escola gerida pela Agência das Nações Unidas para Assistência e Trabalhos (UNRWA), em Beit Hanoun, no nordeste da Faixa de Gaza, matou 15 pessoas que tentavam se abrigar no local, inclusive um bebê. Outras 200 pessoas ficaram feridas, de acordo com a própria agência. Entre as vítimas estavam também três professores empregados pela UNRWA, informou o porta-voz Chris Gunness.

Diversas organizações de defesa dos direitos humanos no território palestino afirmam que cerca de 80% dos 779 palestinos mortos são civis e quase 200 são crianças. Ainda assim, as páginas oficiais do exército e da Chancelaria de Israel, assim como as suas redes sociais na Internet, continuam alegando que as vítimas foram usadas como “escudos humanos” pela resistência palestina, voluntária ou coercivamente, o que vários residentes já negaram, em declarações à mídia internacional ou também através das redes sociais.

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O secretário-geral do Hamas – partido à frente do governo de Gaza – Khaled Meshaal voltou a insistir que um “cessar-fogo” só seria aceitável se incluísse o fim do bloqueio imposto por Israel ao enclave palestino desde 2006. Entretanto, as autoridades israelenses continuam desclassificando o grupo enquanto “organização terrorista”, pretendendo justificar assim as centenas de mortes entre os civis. Nos confrontos com a resistência palestina, o exército de Israel admitiu a morte de 32 dos seus soldados entre as milhares de tropas que invadiram Gaza.

As autoridades estadunidenses reafirmam constantemente o seu apoio a Israel apesar das denúncias de crimes de guerra perpetrados pelas forças israelenses. Segundo o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, que está em Jerusalém, “ainda há trabalho a ser feito” nas negociações por um cessar-fogo, que continuam resultando em propostas que manteriam o estado das coisas, enquanto os palestinos são frequentemente vítimas de novas ofensivas e sujeitos permanentemente às graves condições humanitárias impostas pelo bloqueio israelense.

Cerca de 80% da população de 1,7 milhão de pessoas depende da ajuda da UNRWA inclusive para alimentação e cerca de um milhão de palestinos vivem nos oito campos de refugiados na Faixa de Gaza, também alvos dos bombardeios e da incursão terrestre. Em declarações à imprensa em Genebra, Suíça, na terça (22), um porta-voz da agência disse que “não há, literalmente, qualquer lugar seguro para os civis” em Gaza.

A UNRWA já enfrenta graves desafios para atender a população palestina no território litorâneo e nos vários campos de refugiados na Síria, Líbano e Jordânia, mas declarou emergência humanitária em Gaza há duas semanas, lançando novos apelos por apoio financeiro.

Além dos mortos, nesta quarta (23) a agência estimava que mais de 140 mil palestinos tiveram de deixar as suas casas, destruídas ou danificadas, e mais de 4.100 estavam feridos. Veja a seguir a última lista de nomes e idades das vítimas fatais, divulgada na manhã de quarta-feira pela Organização para a Libertação da Palestina (OLP).