Palestinos fazem protestos massivos na Cisjordânia; cinco foram mortos

Cerca de 10 mil palestinos saíram às ruas da Cisjordânia nesta quinta-feira (24) para protestar contra a violência israelense no território ocupado e contra o massacre na Faixa de Gaza. Dois manifestantes foram mortos pela repressão israelense em Qalandyia e, no início da semana, mais três palestinos morreram. O número de vítimas fatais em Gaza ultrapassa o de 800 pessoas, mas o governo de Israel garante que manterá a ofensiva.

Por Moara Crivelente, da Redação do Vermelho

Cisjordânia - Palestine News Network

Os dois palestinos mortos por soldados no posto de controle militar israelense, nesta quinta, foram identificados pela agência Palestine News Network (PNN) como Mohammad Alaraj, de 19 anos, e Majd Sufyan, de 27. Entre os 120 feridos nos confrontos com a repressão das tropas israelenses estão 60 pessoas que foram atingidas com munições letais.

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Na segunda-feira (21), Mahmoud Al-Shawamreh foi assassinado por colonos israelenses na vila de Himza, perto de Jerusalém, enquanto Mahmoud Hamamra, de Belém, foi morto por disparos no peito efetuados pelos soldados israelenses que reprimiam protestos no local. Já na terça-feira (22), Mohammad Qasim Hamamra, também de Belém, morreu devido aos ferimentos na cabeça resultantes dos disparos dos soldados israelentes, no dia anterior.

A marcha desta quinta-feira (24) foi a maior na Palestina em décadas, de acordo com a PNN, enquanto os palestinos demonstravam a sua solidariedade com os martirizados em Gaza, “mostrando a sua revolta contra os crimes israelenses”, escreve a agência.

Os milhares de palestinos marcharam de Ramallah, a sede administrativa do governo na Cisjordânia, até Qalandia, onde há um posto de controle militar, no caminho a Jerusalém. Os confrontos com as forças da ocupação israelense aconteceram também na importante mesquita Al-Aqsa, frequentemente palco de embates com os soldados que invadem o recinto.

Embates entre os palestinos e as tropas israelenses foram noticiados em Belém, Al-Arroub, Hebron e outras cidades palestinas em toda a Cisjordânia, ocupada militarmente por Israel. Nas últimas três semanas 931 palestinos foram detidos arbitrariamente pelas tropas israelenses, que relataram o número oficialmente, através de uma declaração à imprensa. As acusações ainda informais são exatamente a participação nos protestos e “ameaças à segurança” de Israel.

As forças da ocupação também informaram que 295 dos detidos são de Jerusalém e outros 636 são de diferentes cidades dentro de Israel, onde os protestos contra a ofensiva lançada há quase 20 dias são reprimidos de forma violenta.

Além do massacre em Gaza, os palestinos também protestam contra o desenrolar da operação militar lançada na Cisjordânia em 12 de junho e contra o assassinato do jovem Mohammed Abu Khdeir, de 15 anos, que foi calcinado por israelenses que as autoridades de Israel classificaram de “extremistas”.

Diversas cidades no território ocupado continuam obrigadas a cumprir toques de recolher e centenas de casas foram demolidas enquanto "medida punitiva" contra os considerados "suspeitos" de envolvimento pelo sequestro e assassinato de três jovens colonos, em meados de junho, enquanto a operação mantida desde o mês passado fez o número de palestinos presos em cárceres israelenses atingir cerca de 6.100 pessoas.

Atualizada às 11h50 para incluir os nomes dos três palestinos mortos no início da semana