Ministro da Saúde comenta situação atual do surto de ebola na Libéria
Em coletiva de imprensa nesta sexta-feira (8), o ministro da Saúde, Arthur Chioro, esclareceu a situação atual do surto de ebola na Libéria, Guiné e Serra Leoa, países da África Ocidental (na Nigéria há apenas casos isolados) e a declaração de Emergência de Saúde Pública Internacional da Organização Mundial de Saúde (OMS) sobre a doença.
Publicado 09/08/2014 11:21

O ministro e o Secretário de Vigilância em Saúde do Ministério, Jarbas Barbosa, explicaram que o controle de surtos de ebola é possível com medidas relativamente simples, todas comuns no Brasil, como adoção de práticas básicas de biossegurança em serviços de saúde e no atendimento aos doentes – isolamento dos pacientes; uso de máscaras, luvas e aventais pelos profissionais de saúde; limpeza adequada de superfícies, entre outras medidas. Também é necessário que, nas comunidades afetadas, seja evitado o contato das pessoas com o sangue e fluidos corporais dos doentes.
“O vírus não é transmitido pelo ar, por mosquitos, pela água ou alimentos”, tranquilizou Jarbas Barbosa. Ele informou que a transmissão de uma pessoa para outra exige contato direto com sangue, fluidos corporais, tecidos ou órgãos de pessoas infectadas ou contato com objetos contaminados, como agulhas de injeção e lençóis utilizados pelos doentes. E o doente não transmite a doença no período de incubação (dura de 1 a 21 dias), mas apenas quando aparecem os sintomas.
A OMS está coordenando doações e envio de equipes de profissionais de saúde para apoiar os países acometidos e, dessa forma, buscar a interrupção do surto. O Ministério da Saúde enviou quatro kits de saúde para Guiné, cada um pesando 3,5 toneladas com 58 diferentes itens de medicamentos e materiais médicos, que são utilizados em situações de calamidades, e está enviando cinco kits semelhantes para a Libéria e outros cinco para Serra Leoa.
Assista à entrevista do secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa, ao Blog do Planalto.
Cuidados adotados pelo Ministério da Saúde
A OMS não restringiu viagens ou comércio com países afetados, uma vez que as regiões em que ocorre o surto são vilas no interior, com situações precárias de biossegurança, não existentes nos grandes centros. Dessa forma, o risco de chegada de viajantes provenientes das áreas afetadas a outros países é muito baixo.
Apesar da baixa probabilidade, o Ministério da Saúde recebe atualizações diárias da OMS sobre a situação do surto de Ebola, bem como de qualquer outra situação de potencial emergência de saúde pública, que são analisadas quanto ao potencial risco ao país e embasam as medidas para confirmação do diagnóstico e de proteção a serem adotadas. O Ministério dispõe também de laboratório com capacidade para o diagnóstico da doença e identificação do vírus.
Durante a Copa do Mundo, as cidades-sede e as subssedes receberam kits para casos de terrorismo biológico ou de manifestação de doenças contagiosas. Esses kits superam em medicamentos e equipamentos o que é demandado para cuidados em caso de contágio por ebola. O Ministério está distribuindo esses kits também às outras cidades brasileiras com aeroportos internacionais e portos.
As companhias aéreas com voos internacionais seguem protocolo de notificação às autoridades sanitárias no aeroporto de destino sobre qualquer passageiro com quadro de doença infecciosa durante a viagem. A área de portos, aeroportos e fronteiras da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), também adotam protocolo internacional para detecção e isolamento de casos suspeitos.
Em todo o país, os profissionais de saúde estão orientados a notificar, imediatamente, às secretarias municipais e estaduais de Saúde e ao Ministério, casos de viajantes provenientes desses países e que apresentem sintomas da doença.
Para brasileiros que tenham viagens aos países mencionados, é recomendado evitarem qualquer contato com animais e com sangue ou fluidos corporais de pessoas doentes ou falecidas. No caso de atividades profissionais com assistência aos doentes e familiares ou que impliquem em contato com animais ou tecidos extraídos de animais, é preciso adotar medidas de biossegurança apropriadas. Aos médicos interessados por trabalho voluntário nas áreas afetadas, é orientada a adesão apenas em ações organizadas pelo Ministério e pela OMS. Também é desaconselhado voluntariado de missionários nas regiões com surto.
Sobre o Ebola
A doença é caracterizada como febre hemorrágica, cuja letalidade pode variar de 60% até 90%. Por isso, os surtos produzidos pelo vírus ebola são graves, ainda que, geralmente, autolimitados. Por suas características, a possibilidade de disseminação global é muito baixa e nunca aconteceu desde a descoberta do vírus em 1976.
Entretanto, precariedade das condições no atendimento aos pacientes e práticas culturais e religiosas em algumas áreas dos países atingidos. Profissionais de saúde têm sido infectados ao atenderem, sem as devidas condições de biossegurança, os doentes, uma vez que não dispõem de itens básicos como luvas, máscaras e aventais. Parentes e amigos têm sido infectados durante os rituais praticados ao cuidar de pacientes nas casas e durante velórios.
Fonte: Blog do Planalto