Seminário no Paraguai debate o combate ao agronegócio no Cone Sul

Centenas de militantes de movimentos sociais se reuniram em frente ao Panteón de Los Héroes em Assunção, capital do Paraguai, para debater o combate ao agronegócio e o fortalecimento da agricultura familiar no Cone Sul. O seminário intitulado Resistências e Alternativas é necessário para fortalecer o movimento campesino que vem sendo reprimido pelo governo de Horácio Cartes.

seminario sobre agronegocio no Paraguai - Natalia Ruiz Díaz | Ea

O debate acontece quando o governo do novo presidente acaba de completar um ano e consolidar o uso do Estado com força pública para favorecer o agronegócio.
O seminário contou com a participação de movimentos sociais de vários países da América Latina e foi organizado por instituições paraguaias, entre elas, a Base de Investigações Sociais (Base IS) e a organização Serviço de Paz e Justiça (Serpaj).

Desde o golpe parlamentar que depôs Fernando Lugo, em junho de 2012, as políticas de Estado foram completamente revertidas em benefício do agronegócio e abriram mão de controles mínimos sobre os produtos transgênicos, inseticidas e herbicidas utilizados no campo.

O governo de Federico Franco, que assumiu depois do golpe, aprovou a utilização de sementes transgênicas de algodão, soja e milho, proibidas em outros países por ainda não haver estudos suficientes sobre os impactos que estes cultivos podem causar a longo prazo.

Recentemente duas crianças morreram em um assentamento de camponeses na região Norte do Paraguai devido ao contato com agrotóxicos utilizados na fumigação de grandes plantações. Desde então começou uma série de protestos em todo o país e a questão do controle ao agronegócio voltou à tona.

Para a militante do movimento argentino Pañuelos en Rebeldía, Claudia Korol, é necessário combater as “repúblicas unidas da soja”, como diz um anúncio da multinacional Syngenta ao mostrar todo o Cone Sul transformado em um grande campo da monocultura. “Temos que estar juntos para enfrentar este inimigo que está nos matando e acabando com a integração dos povos, é a única força capaz de nos derrotar”, afirma.

Outra líder do movimento camponês argentino, Esther Quispe, contou a experiência dos moradores da comunidade Malvinas Argentinas em Córdoba, que resistem há anos ao ingresso da Monsanto na região. De acordo com ela, as sementes da multinacional exigem o uso do Agente Laranja, substância utilizada pelo exército norte-americano durante a Guerra do Vietnã que já matou milhares de pessoas ao redor do mundo.

O secretário geral adjunto da Federação Nacional Campesina (FNC), Marcial Gomez, apresentou um estudo onde comprovou que para cultivar soja é utilizada uma quantidade tão grande de agrotóxicos que se dividida pelo número de habitantes do país significa cinco litros por pessoa.

O jornalista uruguaio Raúl Zibecchi apresentou a experiência triunfante de movimentos na Argentina, Chile e Colômbia contra a mineração. Caso que ele mostrou para provar ser possível enfrentar e vencer o agronegócio, segundo ele “um modelo de morte necessário para financiar o brutal capital financeiro”.

“Ou enfrentamos o agronegócio ou ele nos mata, por isso há que se apegar à terra, defender a agricultura familiar, mobilizar-se para gerar uma situação política que torne insustentável este modelo devastador”, defendeu.

Por Mariana Serafini, da redação do Vermelho
com informações do E'a