Camponeses paraguaios protestam contra o governo de Horacio Cartes

Cerca de mil líderes camponeses, procedentes de 15 departamentos do Paraguai, começaram a chegar na manhã desta quarta-feira (3) na capital Assunção para realizar uma série de protestos contra o governo de Horacio Cartes e elaborar um plano de ação de enfrentamento aos interesses neoliberais desta gestão.

Manifestação dos camponeses paraguaios - FNC

De acordo com o presidente da Coordenadoria Nacional de Organizações Camponesas, Luis Aguayo, a chamada “luta contra a pobreza” do presidente Horácio Cartes, é, na verdade uma medida para combater, perseguir e reprimir os pobres.

Os dirigentes das bases camponesas realizarão, nesta quinta-feira (4), marchas e concentrações em várias instituições do Estado para condenar o que denominam como “perseguição aos camponeses”, especialmente nos departamentos ao Norte que foram militarizados e atualmente vivem em pleno Estado de Exceção.

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Já nas primeiras horas do dia os camponeses iniciam uma marcha pelo centro de Assunção, entre os prédios do Ministério Público e dos ministérios do Interior e Agricultura e do Instituto da Reforma Agrária para apresentar as denúncias de perseguição e violação dos direitos humanos.

“Estão nos expulsando dos nossos assentamentos, legalmente constituídos, com forças repressivas. Apesar de termos o respaldo da Constituição e das leis agrárias, isso é realmente uma provocação aberta”, manifestou o líder camponês.

Os camponeses ainda vão realizar uma plenária para alinhar as diretrizes da luta pela reforma agrária, as ações contra a Lei de Aliança Público-Privada, avaliar este primeiro ano de governo do presidente Horacio Cartes e traçar um plano de ação imediato.

“Nosso companheiros não descartam pedir ao governo que assuma as dívidas dos pequenos produtores, pois estão sendo feitas com os empresários que roubam o Estado e implementam uma ocupação massiva dos latifúndios diante da ausência da reforma agrária tão necessária e exigida pelos movimentos sociais”, disse Luis Aguayo.

Ao fim da plenária, os líderes camponeses vão marchar novamente pelo centro da capital para um ato final em frente ao Pateón de los Héroes – espaço tradicionalmente ocupado pelos movimentos sociais paraguaios – e concluir assim a demonstração de força do campesinato.
A mobilização é parte da efervescência social existente no país e coincide com as paralizações escalonadas que os médicos estão fazendo para anunciar uma greve geral que deve durar três dias.

Mariana Serafini, da redação do Vermelho, com Prensa Latina