Síria denuncia na ONU dupla moral dos EUA no tema terrorismo

A Síria denunciou, nesta segunda-feira (29), na Assembleia Geral da ONU, que a dupla moral dos Estados Unidos em sua cruzada contra o terrorismo cria condições ideais para a propagação das posturas extremistas.

Walid Muallem, chanceler da Síria

Ao intervir no debate geral do Período 69ª Sessão da Assembleia, o vice premiê e chanceler sírio, Walid Al-Moualem, assinalou o apoio norte-americano com armas, dinheiro e treinamento à chamada oposição moderada.

Estas são verdadeiras fórmulas para disparar a violência e o terrorismo, que prolongam o conflito na Síria e detonam as bases de uma solução política, advertiu o enviado do país, o qual sofre desde 2011 os ataques de extremistas e mercenários com a ajuda externa para derrubar o presidente Bashar Al Assad.

De acordo com o dirigente, o mundo assombra-se diante dos crimes dos fundamentalistas sunitas do Estado Islâmico (EI) em solo sírio e iraquiano, mas suas ações não são novas e a resposta às mesmas parece tardia, ainda que seja bem-vinda.

“Levamos muito tempo alertando sobre isto, no entanto, as coisas têm ocorrido diante dos olhos do mundo inteiro, e em especial dos que dizem que combatem o terrorismo”, expôs a propósito dos avanços do EI em seu objetivo de criar um califado e de submeter ou arrasar as demais culturas e religiões.

Para Al-Moualem, “há tempos chegou a hora de enfrentar unidos a séria ameaça representada pelos fundamentalistas islâmicos, em particular os takfiristas (corrente extremamente marginal dentro dos sunitas). Hoje viemos aqui perguntar se já não é momento de que todos sejamos um para encarar, e de admitir que o EI, o Al Nusra e outros grupos filiados à Al Qaeda não se limitarão às fronteiras da Síria e do Iraque, se disseminarão por onde possam, começando por Europa e Estados Unidos", afirmou.

Em seu discurso, o Vice Premiê lamentou que no Conselho de Segurança fossem aprovadas resoluções não cumpridas posteriormente, como a do dia 15 de agosto para impedir o recrutamento e o financiamento de jihadistas. “Desde sua adoção, não vimos passos concretos nessa direção”, disse.

Com relação aos bombardeios iniciados pelos Estados Unidos contra posições do EI em solo sírio e iraquiano, chamou a atenção para que não resolverão o problema, porque há países que mantêm seu apoio aos terroristas.

Al-Moualem sublinhou no debate geral da Assembleia que Damasco ratifica seu respaldo a qualquer iniciativa internacional para combater o flagelo, sempre que for sobre a base do respeito à vida dos civis inocentes e da soberania nacional.

“Washington realizou dezenas de incursões aéreas e lançamentos de mísseis contra os fundamentalistas sem o consentimento do governo da Síria, postura unilateral criticada por vários estados aqui”.

O chanceler sírio também reiterou a vontade do governo de Al Assad de encontrar uma saída política para o conflito interno.

“Fomos às conversas de Genebra com essa ideia e a mantemos, estamos dispostos ao diálogo com os opositores que recusem o terrorismo e queiram uma solução entre sírios e em território da Síria”.

Fonte: Prensa Latina