Cidadãos mexicanos se preocupam com o desaparecimento de estudantes

Um surto de violência tomou conta de Iguala, no estado de Guerrero, no sul do México. Durante um ato prévio à comemoração dos 36 anos do Massacre de Tlatelolco, seis pessoas foram mortas e 17 ficaram feridas. Famílias reportaram ainda o desaparecimento de 57 estudantes de magistério, os chamados normalistas, grupo que sofreu com a ação repressora dos agentes municipais, dos comandos policias e, possivelmente, de bandidos na última sexta-feira (26).

Manifestação exige a volta dos estudantes desaparecidos no México - J.DAN LOPE / REUTERS

Pouco mais de 72 horas depois do derramamento de sangue, ainda não se descarta que a maioria dos desaparecidos permaneça escondida por medo da repressão policial. No entanto, a correspondente da rede Telesul no México, Aissa Garcia informou que as autoridades suspeitam que os estudantes possam estar sob a custódia de narcotraficantes.

A ferocidade dos ataques de Iguala superou os padrões habituais do enfrentamento entre a polícia e os normalistas. A história desse confronto já vem de anos e está recheada de fatos obscuros; o último ocorreu em 12 de dezembro de 2011, quando dois estudantes foram assassinados na estrada do Sol.

O assassinato de estudantes mexicanos e o posterior desaparecimento de mais de 50 pessoas provocou vários protestos que visam a exigir do governo a justiça pelo ataque da polícia.

Nesta segunda-feira (29), o procurador-geral de Guerrero, Iñaki Blanco, disse que o Ministério Público possui provas contra 22 policiais, que foram autuados por delito de homicídio qualificado. As armas de 300 policiais foram requisitadas para determinar sua responsabilidade nos fatos. Ele afirmou que as declarações das vítimas diretas e indiretas permitiram comprovar que houve uso excessivo da força por parte da polícia.

Centenas de pais e amigos dos estudantes saíram às ruas para exigir o esclarecimento dos fatos e o reaparecimento “com vida” dos normalistas desaparecidos. O prefeito de Iguala, José Luis Abarca, negou-se a pedir demissão e, em um exercício de cinismo, assegurou que na noite dos ocorridos “não ouviu nada”.

México, um país violento

De acordo com a Enquete Nacional de Vitimização e Percepção de Segurança Pública (Envipe), desenvolvida pelo Instituto Nacional de Estatística e Geografia (Inegi), 73,3% da população mexicana considera o país inseguro para viver por causa da delinquência.

A Envipe, afirma que em 2013, foram cometidos 33,1 milhões de delitos no México, o que afetou 22,5 milhões de pessoas, o que representa uma taxa de 28.224 vítimas de crimes por 100 mil habitantes.

Théa Rodrigues, da redação do Portal Vermelho,
Com informações de agências