Evaldo Lima: Sociedade carente de mudanças

Por *Evaldo Lima

O pleito eleitoral do último dia cinco ressignificou na composição o perfil da Assembleia Legislativa do Ceará, renovada em 52%. A nova configuração política ditará os rumos do poder Legislativo nos próximos quatro anos e devemos acompanhar de perto como as peças se posicionarão no intrincado tabuleiro de xadrez que é a política. Certo que ainda estamos diante de um panorama embrionário. Contudo, já é possível traçar observações e perspectivas sobre o que se pode esperar das relações entre Legislativo e Executivo e o reflexo no projeto que colocou o Ceará no trilho do desenvolvimento.

A Câmara Federal ganha tons mais conservadores dentre as linhas de pensamento que lá habitarão nos próximos quatro anos, com a presença de setores ligados à defesa de pautas mais reacionárias. Por outro lado, percebemos um grande crescimento da base de sustentação do governo Dilma. Os partidos que apoiam a reeleição da presidente elegeram 304 deputados federais, mais que o dobro dos 138 deputados eleitos pelas dez agremiações políticas que defendem Aécio Neves.

O que espero de produtivo neste cenário são os embates e debates de ideias, prática diária que nos levará ao ponto mais desejado: consolidar a bandeira da necessidade de uma reforma política mais profunda. A mudança das composições em sua origem enraizada, para que assim o eleitor tenha fortalecida a esperança de que, depois do seu exercício democrático nas eleições, algo digno de se chamar novo pode chegar.

Fato a ser destacado positivamente é o reforço na atuação feminina na Câmara dos Deputados. Segundo informações divulgadas pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar, 51 deputadas, de 22 Estados, foram eleitas, cinco a mais do que o visto no pleito de 2010. Não o suficiente para que possamos afirmar que o segmento feminino está inserido no fazer político.

Atenção mesmo precisa ter a força sindical no Legislativo, pois sofreu queda neste intervalo de quatro anos. Antes com 82 representantes, agora são 64 parlamentares abraçados à causa de sindicatos de todo o Brasil. Vale lembrar de que a ascensão desse perfil na Câmara veio a partir de 2002, início do Governo Lula, quando os 44 sindicalistas (eleitos em 1998) se tornaram 74.

O poder emana do sentimento democrático que vem do povo. Quando a sociedade carece de mudanças, grita por quem possa realizá-las. Que a nova formatação de grupos de deputados estaduais e federais saiba, com bastante sabedoria, refletir sobre essa questão. Pois, daqui a uma próxima corrida eleitoral, legados serão cobrados. E a mudança, independente dos perfis divergentes, deve emergir do coletivo responsável pelo bem da qualidade de vida neste País.

*Evaldo Lima Vereador de Fortaleza (PCdoB) e líder do prefeito Roberto Cláudio na Câmara

Fonte: O Povo

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