Farc confirmam sequestro, mas reiteram desejo de resolver impasse

A equipe de paz das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) confirmou nesta terça-feira (18) o sequestro do general Rubén Darío Alzate. De Havana, onde acontecem as negociações pelo fim do conflito, os membros da guerrilha leram um comunicado afirmando que o general está sob custódia do bloco "Iván Ríos", que opera no departamento de Chocó.

Farc confirmam sequestro, mas reiteram desejo de resolver impasse - AFP

Em um documento publicado na página web do processo de paz, as Farc afirmam que unidades guerrilheiras, "no exercício de suas tarefas de segurança", interceptaram o bote do general Alzate. O texto diz que o grupo que viajava com ele vestia roupas civis e "foram capturados por se tratar de pessoal militar inimigo, que se movimentava em área de operação de guerra".

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As Farc justificam a ação, por considerar que Alzate tem “grandes contas pendentes com a justiça popular”, pois, dentro do Exército Nacional, ele atua como "cabeça de uma Força Tarefa Conjunta, estrutura desenhada pelos mandos militares do Pentágono para a guerra frontal com o povo da Colômbia e sua insurgência armada".

Ao mesmo tempo, os membros da equipe negociadora das Farc em Havana expressaram o desejo de resolver o impasse para que possam prosseguir com o processo de paz. Durante uma coletiva de imprensa, o representante da guerrilha Pastor Alape disse que os avanços conseguidos até o momento no processo ativaram "uma esperança de reconciliação" que "não se pode arriscar com determinações impulsivas".

Da mesma forma, expressou “surpresa” pelo anúncio de suspensão do diálogo – feito pelo presidente Juan Manuel Santos, no dia anterior –, uma vez que o mesmo negou, veementemente e por diversas vezes, a possibilidade de que o processo se desenvolvesse em meio a uma trégua bilateral. Lembrando que em várias ocasiões, o grupo insurgente declarou cessar-fogo, sem que houvesse uma resposta equivalente do lado governamental.

Posicionamento do governo

O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, anunciou nesta segunda-feira (17) a suspensão do 32º ciclo de negociações de paz com as Farc, que deveriam ser retomadas nesta terça-feira (18) em Havana, após o desaparecimento de um general do Exército e mais duas pessoas.

O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, advertiu que a vontade da guerrilha das Farc de acabar com o conflito armado no país está "em teste" após o recente recrudescimento de suas ações, que motivaram a suspensão das negociações de paz.

"O compromisso das Farc está sendo testado. De sua decisão depende seguir avançando para o fim do conflito e a reconciliação", disse Santos em rede nacional de TV. O presidente considera que a guerrilha é responsável pelo desaparecimento das cinco pessoas, dentre elas o general Alzate.

"É preciso deixar claro: ainda estamos negociando em meio ao conflito e as Farc devem entender que a paz não se atinge ampliando as ações violentas e minando a confiança", disse Santos, acrescentando que a guerrilha "precisa demonstrar sua disposição com ações, e não apenas com palavras".

"Chegou o momento de provarem seu compromisso com o processo". "Enquanto esta situação perdurar, os negociadores do governo não poderão viajar a Havana para retomar as conversações".

A decisão de suspender os diálogos de paz com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, que completariam dois anos na próxima quarta-feira (26), foi anunciada após uma reunião do presidente com a cúpula militar.

Diálogos

O governo de Santos e as Farc iniciaram há dois anos em Cuba um diálogo de paz para tentar acabar com um conflito armado de mais de 50 anos, mas sem decretar um cessar-fogo na Colômbia.

Esta é a quarta tentativa de alcançar a paz com as Farc, a principal guerrilha do país e a mais antiga da América Latina, criada em 1964.

O atual processo com as Farc já alcançou consensos parciais em três dos seis temas na agenda: reforma rural, participação política da guerrilha e solução ao problema das drogas ilícitas.

Théa Rodrigues, da redação do Portal Vermelho,
Com informações de agências de notícias