Colômbia: Miragem na redução da pobreza

O último censo realizado na Colômbia em 2013 apresentou que no território nacional habitam 48,32 milhões de pessoas, e as estatísticas no final de 2014 mostram que a situação da pobreza no país tem melhorado levemente.

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Mas ocorre que os necessitados representam 20 milhões de pessoas e outros oito milhões vivem na indigência, sustentam os dados oficiais. São, então, 28 milhões os pobres em menor ou maior grau, com os mais altos níveis per capita em Bogotá e Manizales.

Isto é, só 20 milhões de cidadãos vivem na decência ou na opulência no país andino; de modo que mais da metade dos colombianos são admitidos como cidadãos de segunda categoria em termos de poder aquisitivo.

Análises internacionais sustentam que o empobrecimento extremo se reduziu como se expressa no site da internet Pobreza Mundial, alimentado com dados do Banco Mundial. É tudo uma miragem.

A Revista Semana, uma das publicações mais respeitadas da Colômbia, refere-se que por trás dessa melhoria está o fato de que durante quatro anos o crescimento do Produto Interno Bruto foi de uma média de 5%, o que incidiu em aliviar as condições de vida da população menos favorecida.

Admite-se nessa linha que enquanto a indigência diminui, aumenta a pobreza do país no geral.

Essa vasta desigualdade explica então o paradoxo de que a Colômbia é um dos países com o maior aumento do PIB, enquanto em matéria de pobreza e diferenças sociais e econômicas tem um dos piores desempenhos na América Latina e no Caribe.

Um economista comentava, com grande tom de ironia, que o tema é que a população colombiana tende a crescer cada ano e que a grande maioria dos novos cidadãos que se incorporam à sociedade parece que são concebidos e classificados como pobres antes de nascer, como que para prejudicar as estatísticas.

Sarcasmo à parte, em dezembro passado o Congresso da República aprovou, e já foi referendada pelo Executivo, a lei anual para aumentar o salário mínimo, que supera em muito pouco os 300 dólares, incluído o aumento adotado agora, de uns 12 dólares.

Estudos oficiais realizados em 300 dos 1.098 municípios colombianos indicam que em nível nacional um lar de quatro pessoas está em condição de pobreza quando tem renda inferior ao equivalente a 415 dólares, com os quais deve cobrir suas necessidades fundamentais e enfrentar primeiramente o alto preço dos alimentos.

Este típico déficit de renda para adquirir a cesta básica vê-se como a principal incidência para que exista mais população vulnerável, pois falamos de um dos países mais caros da região quanto ao nível de vida.

E para terminar, dados divulgados recentemente, a propósito do aumento do salário mínimo, acusam que este é recebido em todo o país por 54,84% dos empregados, sem incluir os altíssimos índices visíveis no setor não estatal sobre trabalho informal, sobre o qual é impossível fixar um montante real de rendimentos.

Programas e preocupação do Estado não faltam para reverter a situação, mas até agora é praticamente imperceptível a prosperidade para a maioria dos despossuídos, pois se trata de uma situação de saque acumulada em muitas décadas, impossível de alterar no curto prazo.

*Da sucursal da Prensa Latina na Colômbia.