Petrobras tem grande papel social a cumprir, não só obter lucro
Eleito para representar os trabalhadores da estatal no Conselho de Administração da companhia, o petroleiro Deyvid Bacelar descartou, de antemão, a aceitação de alternativas que visem mexer no modelo de partilha do pré-sal, enxugar o plano de investimentos e, ainda, realizar mudanças na política de conteúdo nacional de encomendas de serviços e equipamentos.
Publicado 10/02/2015 09:21
Os empregados da estatal, dessa maneira, terão em um representante que defenderá novas contratações de empreiteiras brasileiras como fornecedoras da Petrobras, com o sentido de manter a geração de empregos que essa determinação proporciona.
"A Petrobras tem como sócio majoritário o governo federal, então ela tem um grande papel social a ser cumprido", disse Bacelar à agência Reuters. Ele é um sindicalista da base da Bahia e ligado à Federação Única dos Petroleiros e ao PT. Foi eleito para o Conselho de Administração com 60% dos votos em jogo na eleição interna.
"A Petrobras não tem como objetivo único ter lucro, é isso que os demais conselheiros e a sociedade precisam compreender".
Não é, exatamente, uma declaração que o novo presidente da estatal, Aldemir Bendine, possa fazer. Eleito para o cargo na sexta-feira (6), ele estabeleceu como sua primeira missão incluir os prejuízos com o escândalo de corrupção na empresa no balanço contábil da empresa. Mas Bendine não foi escolhido para mudar os pilares do modelo de exploração do pré-sal. Foi, sim, como já declarou a presidenta Dilma Rousseff, para ajustar, sem enterrar, o plano de investimentos da companhia e criar um modelo de governança forte e confiável.
Na Bolsa, mesmo sem promessas de inverter por completo a rota da empresa, as ações da companhia experimentaram leve recuperação nesta segunda-feira (9). Com a subida para US$ 53 no preço do barril, os papeis da estatal subiram 1,9%, o que indicou que a nomeação de Bendine já foi assimilada pelos investidores.
Não se espere, no entanto, que o novo presidente seja mais um a trabalhar pela quebra dos paradigmas nacionalistas que nortearam a ação da Petrobras nos últimos anos. Acertar o balanço, combater a corrupção e balancear investimentos não significam uma negação da direção escolhida.
Melhorar imagem
Bacelar tem ainda como uma de suas principais bandeiras o resgate da imagem da Petrobras e a maior participação dos funcionários nas decisões do Conselho.
"Tem um processo de desgaste da empresa criado principalmente pela mídia hegemônica, onde você pontua, destaca e amplifica problemas que ninguém está discutindo aqui se existem, mas deixa de falar também daquilo que a empresa é e representa para o Brasil e para os brasileiros", afirmou.
Por meio de redes sociais, emails, sites e de visitas pessoais às principais bases da Petrobras, Bacelar prometeu que terá um diálogo contínuo com trabalhadores, aproximando-os de decisões importantes.
Ele acredita que o aumento da transparência pode contribuir com o combate à corrupção, por exemplo, com funcionários perdendo receio de fazer denúncias dentro da companhia.
É a quarta vez que um empregado é eleito para o conselho com a função de representar funcionários.
O Conselho da Petrobras é formado por dez membros, sendo sete indicados pelo governo, um pelos acionistas minoritários de ações ordinárias, um pelos acionistas de preferenciais e um pelos empregados.
Nas eleições deste ano, segundo a Petrobras, 138 candidatos concorreram à vaga para representar os funcionários.
Com informações do Brasil 247 e Reuters