Corrupção. Vamos lavar a jato, mas vamos lavar a  frota toda.

Não há cidadão ou cidadã de bem que não queira um combate rigoroso à corrupção e que os corruptos e corruptores sejam punidos. Mas muitos que clamam contra esse mal endêmico da humanidade, são levados a crer que a corrupção nunca foi tão presente e tão grande como agora, durante os governos Lula e Dilma, e acabam por culpá-los e ao PT – maior  partido da coalizão governista – por essa "avalanche" de casos que estão sendo descobertos e investigados.

Por Claudio Machado* 

Mas serem "levados a crer" nessa falsa realidade está longe de uma conseqüência natural por conta da divulgação dos casos descobertos de 2003 em diante. É muito mais resultado da estratégia dos adversários de nosso governo e nosso projeto, aplicada com zelo e requinte pelos tradicionais meios de comunicação que se expressam não como órgãos informativos, mas como verdadeiros porta vozes da oposição partidária e não partidária. Quando digo "não partidária", refiro-me aos setores conservadores e fascistas da sociedade, que nem sempre se alinham a algum partido, mas querem apenas a derrota do projeto democrático e popular iniciado em 2003, com a primeira vitória de Lula, sem se importar se a derrota será no campo democrático ou por intermédio de ato de exceção.

 

E esse alinhamento quase que unânime e automático dos principais meios de comunicação ao consorcio oposicionista não seria um ponto fora da curva da realidade história nacional e mundial, não fosse o fato de que, aqui no Brasil, incluem-se nesse exército midiático de oposição as principais redes de tv e rádio, que como sabemos, são concessões públicas e como tal deveriam estar submetidas a mecanismos de regulação que pudessem garantir a ampla liberdade de expressão e de informação, impedindo as práticas  anti democráticas de nos impor uma única narrativa e, muitas vezes, a adoção de distorções de fatos, sempre com um único objetivo: o de açoitar e fragilizar os governos eleitos a partir de 2003.

 

Então, o que vemos, lemos e ouvimos todos os dias? Um verdadeiro massacre midiático, capitaneado pela maioria das redes de tv nacionais e suas afiliadas locais, despejando em seus jornais as mesmas cantilenas sobre a corrupção, em especial sobre a operação lava a jato, sempre com a mesma narrativa, sempre com a mesma linha indutiva de tentar fazer seus telespectadores, radiouvintes e leitores acreditarem que a corrupção nunca foi tão grande como agora e que o PT é o partido mais corrupto de todos.

 

Ora! Sabemos que a corrupção é um mal que percorre o planeta de norte a sul, de leste a oeste, ao longo dos tempos. A historiografia comprova a existência desse mal na Grécia Antiga, no Império Romano e em outras civilizações do mundo antigo, permanecendo através da história do homem, inclusive e naturalmente, para "surpresa" de hipócritas e mal intencionados, nos governos de Lula e Dilma.

 

A diferença, grande diferença, é que agora foram criados mecanismos de combate a esse mal, que está longe de ser eliminado, mas é certo que ocorre em menor grau, embora  pareça que sua incidência seja maior. E essa aparência é um efeito natural de mais investigação e mais controle, com a criação da Controladoria Geral da União em 2003; a homologação da Lei  de Acesso à Informação em 2011; da Lei de Lavagem de Dinheiro em 2012; da Lei Anti Corrupção em 2013 e da Lei das Organizações Criminosas, também em 2013.

Já em governos anteriores, notadamente nos dois governos de FHC, além da inexistência destes mecanismos, o Procurador Geral da República engavetava toda denúncia que chegava à PGR contra o governo e a PF era maneteada, o que dava a impressão de que não havia corrupção ou que ela ocorria com menor  intensidade.

 

Sabemos que a realidade era outra, e casos notórios estão aí para não nos deixar mentir, como a privataria tucana, o mensalão tucano, a pasta rosa, o Sivan, a lista de Furnas, o  trensalão, a sanguessuga, o caso das ambulâncias e outros, que foram empurrados para debaixo do  tapete, mas que começam a se esparramar pela sala, tantos que são.

 

Sim, queremos um combate cada vez mais duro contra a corrupção e que os envolvidos sejam punidos. Mas vamos fazer o dever de casa completo e passar a limpo todos os casos conhecidos e que estão dormitando, esquecidos e empoeirados em alguma gaveta do MPF ou do poder judiciário.

*Secretário estadual de comunicação do PCdoB do Espírito Santo, vice presidente da Casa da América Latina "Liberdade e Solidariedade" (Calles) e coordenador do Núcleo Capixaba do Barão de Itararé.