É preciso afirmar sonoramente: DITADURA NUNCA MAIS!

Por Jana Sá*

Há décadas, a América Latina experimenta um notável impulso pela busca da justiça frente às graves violações de Direitos Humanos cometidas durante os períodos ditatoriais. Uma luta travada com valentia e persistência pelas vítimas, militantes dos direitos humanos, comunidade intelectual e diversos setores da sociedade civil.

Assim, as manifestações por parte da sociedade brasileira em busca do retorno de uma intervenção militar no governo fere a Autonomia e Soberania da nossa Nação, e apresenta-se na contramão da busca pela verdade, justiça e garantia de não repetição dos abusos do passado.

É inaceitável que, no Brasil, as atrocidades cometidas contra a pessoa humana durante a vigência dos regimes autoritários ainda representem uma ameaça ao futuro que queremos: livre, democrático e com mais Direitos Humanos.

O conhecimento destes tristes acontecimentos do passado e da prática internacional existentes no campo dos Direitos Humanos deve FORTALECER A RESISTÊNCIA ao retorno de uma ditadura em nosso país.

Este ano, quando comemoramos 30 anos de redemocratização, com o fim de um regime ditatorial cerceador, autoritário e violento no País, faz-se necessário relembrar a democracia que não vivemos, a democracia que pudemos construir e a democracia que queremos alcançar.

Não se trata apenas de conhecer o passado, mas de compreender a História contemporânea do Brasil, de entender o presente e de ser capaz de pensar o futuro à luz da Verdade.

Resgatar as verdades ainda desconhecidas ou pouco divulgadas a respeito das violações de direitos humanos praticadas pela ditadura de 1964 é também uma forma de superar os traumas e estigmas de homens e mulheres que sofreram a repressão diretamente em suas vidas ou na de pessoas próximas.

Para seguir adiante, é preciso lembrar a emergência dos trabalhadores, intelectuais e estudantes como atores políticos, protagonistas da inauguração de um novo ciclo político da história brasileira, tão necessário para sustentar a redemocratização.

A política do esquecimento e da impunidade preterida pelo regime ditatorial com a aprovação de uma anistia restrita não pode mais encontrar mais espaço no presente democrático. A busca por restabelecer a verdade negada ou não conhecida se torna, assim, uma forma singela, mas significativa, de homenagear todos aqueles que doaram suas vidas à luta pela liberdade em nosso país.

Com a convicção de que a democracia é um processo que precisamos constantemente seguir construindo, a defesa da pluralidade, da legalidade e da liberdade representa de forma marcante o esforço de se contar uma história que ainda está por ser escrita.

*Jornalista
/Secretária estadual de Comunicação do PCdoB/RN