Para PCdoB, derrota do governo também seria dos trabalhadores
A afirmação foi feita por dirigente do Comitê Central durante debate em São Paulo e parte da premissa de que "sem esse governo os trabalhadores perderiam muito mais direitos". No dia em que é comemorado o 70º aniversário da vitória das tropas aliadas sobre o nazi-fascismo, em que a União Soviética líderada por Josef Stálin, teve um papel destacado, o Partido reuniu a sua militância para discutir os desafios atuais do país e a sucessão presidencial da legenda.
De São Paulo, Ana Flávia Marx
Publicado 09/05/2015 13:52 | Editado 04/03/2020 17:16
“Hoje é um dia muito importante para o PCdoB, porque sem um partido de caráter revolucionário nós não poderemos vencer, porque as forças imperialistas estão atuando aqui dentro e sem a classe operária organizada será impossível vencer”, abriu a atividade Jamil Murad, presidente municipal.
A Conferência foi convocada com o tema “Frente ampla em defesa do Brasil, do desenvolvimento e da democracia” e busca contextualizar a situação nacional e da América Latina caracterizando o continente como alvo do imperialismo.
O debate contou com a presença de Ricardo Abreu, o Alemão, secretário nacional de Relações Internacionais, e que fez parte do grupo de trabalho que elaborou a proposta de resolução da conferência.
Segundo Alemão, a ação das potências imperialistas lideradas pelos EUA é para conter e agredir qualquer ação que contrarie seus interesses, principalmente os Brics – e entre eles o Brasil e a aliança entre China e Rússia, que pode em perspectiva, afetar o poder hegemônico dos Estados Unidos.
Como reflexo da crise, o dirigente destaca o fortalecimento das forças conservadores e exemplifica com o crescimento do neofascismo na Europa.
“Nesse cenário, em termos eleitorais, as forças de esquerda na América Latina não foram derrotadas dentro desse processo de acirramento e crescimento das forças conservadoras no mundo, mas enfrentam uma contraofensiva do imperialismo para fazer a mudança de regime”, apresentou.
Cenário Nacional
Em meio a uma guerra política sem tempo e desfecho definidos, ao mesmo tempo em que o mesmo projeto é eleito quatro vezes consecutivas, fato inédito em plena democracia, o cenário político brasileiro é marcado por uma viragem na correlação de forças decorrentes do baixo crescimento econômico no último quadriênio e antigos obstáculos internos ao desenvolvimento que não foram removidos.
De acordo com Ricardo Abreu, o PCdoB tentou até o último momento fazer com que o governo enfrentasse a crise econômica de outra forma. Os comunistas acreditam que não são os trabalhadores que têm que pagar a crise e defendem a taxação de grandes fortunas, como uma das formas de ajuste.
Mas ao mesmo tempo, destacou o dirigente que, fazer coro com as forças conservadoras também imporia uma derrota para os trabalhadores.
“Derrotar politicamente o governo é exatamente o que a direita quer. Por isso, decidimos conscientemente o voto responsável com os trabalhadores, pois sem esse governo é que os trabalhadores vão perder muito mais direitos”, avaliou.
Outros dois segmentos engajados para derrotar o governo são a mídia e o Judiciário que se utilizam de uma tática de seletividade nos casos de corrupção. “Esses setores limitaram as investigações na Petrobrás ao período recente. Esqueceram os casos da década de 1990, não falam dos casos do HSBC, tiraram o Aécio Neves da famosa lista da Lava Jato”.
O objetivo é desestabilizar o objetivo Dilma e atingir o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva. A batalha nas ruas é outro elemento novo. Além da grande força que tem com o poder econômico e midiático, a direita tem se apresentado nas ruas
Tarefas dos comunistas
Nesse cenário não são poucas as tarefas dos comunistas. A resolução aponta como bandeiras principais defender a democracia e impulsionar a contraofensiva, para uma nova iniciativa das forças populares; defender a Petrobrás, a engenharia e a economia nacional; combater a corrupção, com o fim de financiamento empresarial de campanha; barrar a reforma política antidemocrática e pautar a retomada do desenvolvimento econômico e a garantia dos direitos trabalhistas e sociais
“É preciso construir uma frente ampla democrática e patriótica, e nesse âmbito fortalecer o bloco social e político de esquerda e progressista; mobilizar o povo, travar as batalhas das ruas; esclarecer a militância, o povo, os trabalhadores, fazer a luta de ideias nas redes sociais e em todos os espaços possíveis”, aponta a resolução.
Sucessão presidencial
Um dos elementos que motivou a convocação da conferência nacional foi a sucessão presidencial da direção nacional do PCdoB. A partir do dia 30 de maio, o Partido Comunista terá à frente de seus trabalhos uma mulher: Luciana Santos.
Luciana é deputada federal pelo estado de Pernambuco, foi prefeita de Olinda por duas gestões. “Tem compromisso com a causa comunista e revolucionária, identificação com o pensamento programático e estratégico e com a natureza do Partido, identificação, dedicação e compromisso com a unidade do partidária”, afirmou Alemão.
Homenagem aos Combatentes da URSS
O secretário nacional de Comunicação, José Reinaldo, fez uma intervenção especial sobre os 70 anos da vitória das tropas aliadas, com o devido destaque para o papel da União Soviética.
José Reinaldo esclareceu que a mídia tenta “obscurecer o papel da gloriosa URSS, do Partido Comunista e da direção segura, firme e lúcida de Josef Stálin na vitória contra o nazifascismo. “A humanidade é e será eternamente grata aos povos que resistiram, principalmente à União Soviética.”
Participaram também da atividade, entre outras lideranças partidárias, o subprefeito da Sé, Alcides Amazonas, da subprefeitura do Jabaquara, Elder Vieira, da subprefeitura de Guaianases, Josafá Caldas, o secretário executivo da Secretaria de Promoção e Igualdade Racial, Maurício Pestana, Julia Roland, da direção estadual do PCdoB e Neide Freitas, do Comitê Central.