EUA admitem vítimas civis depois dos ataques aéreos na Síria

O governo dos EUA admitiu que os ataques aéreos contra o grupo Khorasan em novembro mataram duas crianças. É o primeiro caso de reconhecimento oficial de vítimas civis na região desde o momento em que os ataques aéreos começaram.

Drone dos EUA - Reuters

O comandante de Operation Inherent Resolve (Resolução Inerente, o nome de operação militar contra o grupo extremista Estado Islâmico), tenente-general James L. Terry relata que uma investigação de ataques que ocorreram no início de novembro de 2014, perto da cidade de Harim, revelou que eles "provavelmente levaram à morte de duas crianças".

O Pentágono afirma que as tropas tinham participado de exercícios antes de realizar os ataques destinados a derrubar o grupo de membros da al-Qaeda que operam na Síria, conhecidos como o grupo Khorasan e que "medidas foram tomadas" para evitar mortes entre civis.

"Antes dos ataques, o Departamento de Defesa tinha realizado uma ampla análise dos objetos-alvos dos ataques e avaliou que os prédios onde ficavam o grupo de Khorasan foram usadas somente para fins militares. No processo de avaliação destas instalações não havia nenhuma indicação de que lá estavam crianças ou civis".

Várias ONGs têm relatado inúmeras mortes de civis desde que os ataques aéreos liderados pelos EUA começaram, mas o Pentágono sempre assegurava que os ataques eram muito precisos e que só os combatentes estavam sendo atingidos.

Além das duas crianças mortas, a investigação reconhece que dois civis adultos também ficaram gravemente feridos nos ataques de novembro. "Nós lamentamos a perda de vidas", disse Terry.

O Pentágono tem investigado 46 casos de mortes de civis desde que os ataques aéreos começaram, informou o porta-voz desta autoridade. Deles, 35 foram descartados por causa da informação insuficiente e pouco confiável. O resto ainda está em várias fases de tramitação.

Após os ataques, em novembro, o Comando Central dos EUA confirmou que eles alvejavam o "grupo Khorasan", e não Jabhat al-Nusra — ou Frente al-Nusra — afiliados da al-Qaeda na Síria lutando contra Bashar Assad.

O "grupo Khorasan" foi mencionado pela primeira vez em setembro de 2014 e descrito por altos funcionários militares dos EUA como uma ameaça potencialmente maior do que o Estado Islâmico. O grupo foi descrito como um grupo de altos membros da al-Qaeda que operam na Síria na frente de al-Nusra. Al-Nusra é conhecida na Síria como uma força de oposição de Assad.

No entanto, desde o início houve confusão quanto à razão de existência do "grupo Khorasan". Não se sabe se existe de forma independente ou foi "inventado" pela inteligência dos EUA como algo que eles poderiam vender ao público americano como mais uma ameaça direta para os EUA, justificando assim a intervenção militar na região.

O "grupo Khorasan" foi considerado como "grupo que pode ser a maior ameaça com intenção de atacar os Estados Unidos ou suas instalações no exterior" relatou o New York Times, citando funcionários americanos. Mas parece que não há nenhuma informação pública sobre o grupo.

"Muitos sírios dizem que nunca ouviram falar do ‘grupo Khorasan'", disse o jornalista da MSNBC (canal de TV estadunidense) Richard Engel. Segundo as fontes do Oriente Médio, uma vez cumprido o seu objetivo de justificar o início da campanha de bombardeios na Síria, o "Khorasan" simplesmente sumiu tão rápido como apareceu.

Falando sobre as vítimas dos ataques aéreos dos EUA, não dá para esquecer quantas pessoas inocentes foram mortas ou gravemente feridas no Iraque. Mas ainda não há nenhuma avaliação oficial dos refugiados e nenhum reconhecimento das vítimas civis neste país e nos outros onde opera o exército norte-americano.

Fonte: Agência Sputnik