Trabalhadores da GM seguem acampados contra demissões

Trabalhadores da General Motors em São Caetano do Sul (SP) entram na segunda semana de protesto contra as demissões na empresa e seguem acampados na calçada da montadora. A mobilização é histórica – é a primeira vez que um movimento de trabalhadores acampa na frente da fábrica. O último registro é de uma manifestação em 1985, quando funcionários acamparam dentro das dependências da empresa em protesto salarial.

Manifestação dos trabalhadores da GM de São Caetano do Sul - CTB

A mobilização já dura nove dias e mobiliza cerca de 150 profissionais em lay-off (suspensão temporária de contrato) e demitidos. Eles se revezam em 20 barracas e não têm planos de levantar acampamento até que a empresa sinalize com a abertura de negociações. O movimento quer reverter as 419 dispensas que ocorreram no início do mês, especialmente as que se referem às mais de 20 demissões de pessoas que possuem restrição médica e, portanto, têm estabilidade.

Nesta terça-feira (21) o grupo protocolou uma carta com pedido de reintegração dos demitidos à GM num esforço de estabelecer um canal de negociação. Procurada, a GM disse que não se pronunciará e os demitidos, que estavam em lay-off, não tiveram a renovação de seus contratos.

A montadora divulgou apenas um comunicado: “Com o intuito de adequar-se à nova realidade do mercado, a GM, em acordo com os trabalhadores na assembleia convocada pelo sindicato no ano passado, estabeleceu que parte da produção do complexo industrial de São Caetano seria interrompida. Na ocasião, foi deliberado que os empregados envolvidos entrariam em lay-off e que, após este prazo, caso não houvesse recuperação do mercado, haveria a necessidade de redução do quadro funcional.”

Na sexta-feira (24) os manifestantes realizarão uma caminhada simbólica até a Câmara Municipal em forma de protesto. Os atos ocorrem sem o apoio do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano, pois estão sendo organizados pela chapa de oposição à entidade.

"As demissões vêm ocorrendo há dois anos, mas este foi o corte mais violento, e ainda por cima envolvendo profissionais que têm estabilidade garantida. O movimento vai continuar até que a empresa abra um canal de negociação com a categoria", diz Denis Caporal, diretor da Fitmetal e militante da Oposição Sindical dos Metalúrgicos de São Caetano do Sul.