Estudantes cobram mudança de comando da PM após reação violenta em BH
A noite dessa quarta-feira (12/08) foi marcada por uma reação violenta da Polícia Militar de Minas Gerais (PM-MG) contra manifestantes que protestavam contrários ao aumento da tarifa de transporte público no centro de Belo Horizonte. A ação deixou dezenas de pessoas feridas por balas de borracha e vários manifestantes foram presos, entre eles estudantes.
Publicado 14/08/2015 11:53 | Editado 04/03/2020 16:49

Repudiando a ação do comando da polícia, a União Estadual dos Estudantes de Minas Gerais (UEE-MG), em nota pública, solicita ao Governo do Estado o afastamento do comandante da operação.
Milhares de pessoas reunidas na Praça Sete, no centro da capital, protestavam pacificamente contra o recente reajuste da tarifa, que passou para R$ 3,40. A manifestação ocorria de forma pacífica, até determinado momento em que homens da PM-MG reagiram de forma truculenta, lançando bombas de gás lacrimogêneo e com disparos de bala de borracha contra os civis.
Contrariando o direito de livre manifestação, a ação da PM-MG deixou dezenas de pessoas feridas, entre eles um repórter fotográfico de um jornal de grande circulação da capital, além de terem conduzido para a delegacia 62 pessoas. Entre os detidos, estava o jovem Francisco Faria, presidente da União Colegial de Minas Gerais (UCMG). “Fomos humilhados o tempo todo, sofrendo agressões verbais pelos policiais. Além de tudo, é importante lembrar que em nenhum momento a policia conseguiu manter um dialogo com seriedade com o movimento, que o tempo todo buscou o entendimento. É lamentável o papel que a Polícia Militar cumpre na nossa sociedade de estimular a violência ao invés de combatê-la”, desabafou Francisco.
Contra a criminalização de manifestações políticas
Em voto contrário ao destaque de inclusão do crime de associação para o terrorismo, nos moldes de formação de quadrilhas, para manifestações populares no Projeto da Lei Antiterrorismo, o deputado federal Wadson Ribeiro (PCdoB-MG) lembrou em discurso na Câmara Federal dos Deputados nesta manhã o triste fato ocorrido em Belo Horizonte. “Um fato como este poderia ensejar, caso a matéria fosse aprovada o enquadramento dos manifestantes em crime de terrorismo. Considero perigosa uma lei que taxe manifestações legítimas de terrorista”, defende Wadson.
Juventude contra o abuso de poder da PM
Em desaprovação à ação truculenta da PM contra os manifestantes no ato, a UEE-MG reforça que entre as bandeiras da juventude está a desmilitarização das polícias, considerando que a PM-MG hoje expressa o retrato de uma herança dos dias mais duros da Ditadura Militar, pois tem atuado contrários ao pacto democrático estabelecido no país desde 1988. No texto, a entidade pede a destituição do Comandante-Geral da PM-MG. Leia a nota na íntegra:
As entidades estudantis repudiam a violência praticada pela Polícia Militar de Minas Gerais na noite desta quarta-feira, 12 de agosto, durante manifestação ocorrida nas ruas do centro de Belo Horizonte contra o aumento das passagens no transporte coletivo. Com desproporcional uso da força, os policiais militares atacaram com bombas e balas de borracha todos as pessoas que estavam pacificamente se manifestando.
O momento que o Brasil vive é de alerta dos movimentos populares e sociais, em especial os de juventude, pois, uma onda conservadora tem tomado o país. A expressão mais cabal dos retrocessos em curso é uma maioria conservadora na Câmara dos Deputados que defende pautas de criminalização do conflito social como a Redução da Maioridade Penal e a Lei Antiterrorismo.
A truculência da Polícia Militar é o retrato de uma herança dos dias mais duros de nosso processo político, a Ditadura Militar, momento em que as instituições democráticas foram duramente atacadas. Entendemos que este é o momento de o governo de Minas Gerais romper com esta herança e se posicionar de forma a confrontar as visões e ações truculentas concentradas no Comando da Polícia Militar de Minas Gerais.
É necessário que o Governo de Minas Gerais entenda que a permanência do atual modo de lidar com as manifestações democráticas dos movimentos populares e sociais por parte do Comando da PMMG só serve aos que querem deslegitimar o pacto democrático inaugurados em 1988, e que foi reforçado com o resultado das eleições estaduais em 2014.
Não há concessões possíveis aos que na sombra da proteção do atual Comando da PMMG agem para sabotar a democracia e criminalizar a luta do povo. Por isso exigimos a destituição do Comandante-Geral da PMMG, vértice deste modus operandi.
Seguiremos nas ruas lutando não só contra o aumento de passagens, mas a favor de todas as bandeiras históricas da juventude e do povo brasileiro, elemento fundamental para abrir caminhos para a construção de uma sociedade justa e igualitária em nossa Pátria.
“A rua é nossa e eu sempre fui dela”
União Estadual do Estudantes de Minas Gerais – UEE