Trabalhadores protestam em São Paulo contra superexploração

Trabalhadores de frigoríficos, agricultores familiares, bancários e petroleiros tomaram a Avenida Paulista, no centro da capital paulista, na tarde desta sexta (16), para protestar contra a superexploração dos trabalhadores em vários setores da economia.

Protesto na Paulista

“Os trabalhadores têm ficado doentes com jornadas exaustivas, assédio moral, péssimas condições de trabalho e baixos salários. E quando chega a data-base, banqueiros e outros empresários querem aplicar um reajuste ínfimo, alegando crise, mesmo tendo lucrado milhões”, afirmou a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Juvandia Moreira.

Os trabalhadores pararam em frente à unidade do banco HSBC na Avenida Paulista e fizeram um escracho. O banco é investigado por lavagem de dinheiro e sonegação fiscal, tendo movimentado, pelo menos, € 180 milhões de 100 mil clientes e 20 mil empresas por meio de contas bancárias na Suíça, utilizando empresas de fachada.

Juvandia chamou os banqueiros a assumir suas responsabilidades na sociedade brasileira. “Os bancos deviam financiar o crescimento econômico, criar empregos, financiar a casa própria, eletrodomésticos. E não só consumirem o dinheiro do povo, com juros de 400% no cartão de crédito e 300% no cheque especial”, disse. Os bancários estão em greve desde o dia 5 e estimam que 50% das 11.439 agências bancárias e 42 centros administrativos estão paralisados.

Os trabalhadores do setor financeiro reivindicam reajuste salarial de 16% – referente à reposição da inflação, mais 5,7% de aumento real; participação nos lucros ou resultados (PLR) equivalente a três salários mais R$ 7.246,82 e que o piso da categoria seja fixado em R$ 3.299,66. Também pedem que os vales-alimentação e refeição, a 13ª cesta-básica e o auxílio-creche/babá seja de R$ 788, por mês cada. Os banqueiros propuseram 5,5% de reajuste, ante uma inflação de 9,88%, considerada a pior proposta dos últimos anos.

A mobilização também parou em frente à Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), onde o presidente do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Romário Rosseto, expôs a situação de superexploração em que vivem os trabalhadores das grandes empresas frigorificas nacionais: BRF Brasil Foods e JBS Friboi. “O trabalhador de frigorífico tem de dez a 12 anos de vida útil. Depois perde sua capacidade de trabalho e vai pro Sistema Único de Saúde (SUS), sem apoio e sem ganhos. Não consegue nem levantar uma escova de dentes”, afirmou.

Segundo Rosseto, embora essas empresas recebam grandes incentivos financeiros governamentais, por meio do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), isso não se reflete em boas condições de trabalho, nem em salários satisfatórios. “Aquela empresa bonita só existe no comercial. Não é a realidade dos trabalhadores”, afirmou. O BNDES aportou R$ 2,5 bilhões na BRF Brasil Foods e tem participações na JBS Friboi, por meio da BNDESPAR, da ordem de R$ 8 bilhões.

O militante do MPA também cobrou que o governo federal apresente uma posição sobre o Plano Camponês de Alimentação Saudável, que pretende priorizar a compra governamental de alimentos produzidos por pequenos agricultores, sem a utilização de agrotóxicos. “As grandes transnacionais como Monsanto, Dow Chemical e Syngenta estão envenenado o povo brasileiro, as águas e até o leite materno. Isso não pode continuar”, afirmou Rosseto.

Por fim, os trabalhadores se dirigiram à sede da Petrobras, no número 901 da Avenida Paulista, onde deram um abraço simbólico no prédio, e prometeram enfrentar qualquer tentativa de enfraquecer a empresa, como o PLS 131/2015, de autoria do senador paulista José Serra (PSDB), que possibilita a privatização do pré-sal, ou o novo plano de negócios da empresa, que propõe a venda de até 40% da estatal, até 2018.

“Os movimentos sociais entendem a importância da Petrobras para o desenvolvimento do Brasil. Seja na criação de empregos, por conta da aquisição de produtos nacionais na fabricação de sondas e outros equipamentos, ou na educação e na saúde, pela destinação de royalties do petróleo”, destacou a coordenadora do Sindicato Unificado dos Petroleiros de São Paulo (Sindipetro-SP), Cibele Vieira.

Os trabalhadores abriram mão da campanha salarial este ano e estão reivindicando diálogo com a empresa sobre a Pauta pelo Brasil, apresentada em 7 de julho deste ano. Entre outras coisas, reivindicam que a empresa retome investimentos, contrate trabalhadores por meio de concurso público, não realize venda de nenhuma subsidiária e mantenha o pré-sal sob regime de partilha.