Petroleiros entram em greve para defender Petrobras pública e empregos

Impedir o desmonte da Petrobras e das conquistas que a categoria e o povo brasileiro garantiram, após anos de luta. Segundo o portal da Federação Única dos Petroleiros do Brasil (FUP), esse é o eixo central da greve por tempo indeterminado iniciada neste domingo (1º/11), definida em assembleias da categoria pelo país.

Federação Única dos Petroleiros (FUP). Foto: Divulgação

A entidade publicou na noite de ontem um comunicado (leia a íntegra abaixo) com os motivos para a paralisação, a pauta de reivindicações dos trabalhadores petroleiros e a garantia de que a categoria vai manter o básico necessário para manter o suprimento de combustíveis à população.

Os trabalhadores cobram a suspensão imediata do processo de privatização em curso na empresa e afirmam que não aceitarão nenhum direito a menos. A pauta foi aprovada durante a 5ª Plenária Nacional da FUP, realizada no início de julho, em Guararema (SP).

Segundo a FUP, a direção da estatal ignorou por mais de 100 dias a chamada Pauta pelo Brasil, que inclui suspensão da venda de ativos, preservação da política de conteúdo nacional, garantia de exploração do pré-sal pela própria Petrobras e implementação de uma nova política de saúde e segurança. Além disso, apresentou uma proposta de renovação do acordo coletivo "que reduz direitos".

A Petrobras também deixou de comparecer a uma audiência pública no Ministério Público do Trabalho, quinta-feira (29) em que se discutiriam regras durante o período de paralisação. A ausência foi considerada "um ato de arrogância" pela categoria.

Leia o comunicado distribuído pela FUP sobre a greve dos petroleiros:

Uma greve em defesa do Brasil

Os petroleiros entram em greve neste domingo por uma causa que é de todos os trabalhadores brasileiros: a luta contra a privatização da Petrobras, a defesa da vida e da soberania.

A maior empresa nacional sofre graves atques, que já afetam a economia do país e comprometem milhões de empregos.

O condenável esquema de corrupção envolvendo ex-diretores e ex-gerentes não pode servir de pretexto para privatizar uma empresa cujos investimentos gerados respondiam, até há bem pouco tempo, por 13% do PIB.

O movimento sindical petroleiro sempre denunciou e combateu os corruptos que, segundo confissões do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, atuavam há pelo menos duas décadas na Petrobras, sem que nada fosse feito.

Os trabalhadores jamais compactuaram com isso e não admitem que o povo brasileiro seja agora penalizado por medidas inaceitáveis, como o corte de mais de R$ 500 bilhões em investimentos estratégicos da estatal e a privatização de subsidiárias e de unidades.

A Federação Única dos Petroleiros e seus sindicatos vêm desde junho tentando discutir com a Petrobras e com o governo alternativas para que a empresa continue cumprindo o seu papel de indutora do desenvolvimento nacional.

Segundo estudos do Ministério da Fazenda, para cada R$ 1 bilhão que a Petrobras deixa de investir no país, o efeito sobre o PIB é de R$ 2,5 bilhões. Se os cortes continuarem, a estimativa é de que 20 milhões de empregos deixarão de ser gerados até 2019.

Por isso, os petroleiros aprovaram que a luta principal da categoria é a retomada dos investimentos da Petrobras, a manutenção dos empregos, a defesa das conquistas que o país garantiu nos últimos anos e a garantia de condições seguras de trabalho. Essa é uma pauta pelo Brasil e o eixo central da greve que se inicia neste domingo.

As necessidades inadiáveis da população serão garantidas pelos petroleiros ao longo de toda a greve. Nossa luta é a favor da sociedade brasileira, pois o que queremos é que a Petrobras, empresa que detém alguma das maiores reservadas de petróleo do planeta, volte a ser a locomotiva do desenvolvimento nacional.

Nossa greve, portanto, é em defesa do Brasil!

Federação Única dos Petroleiros e sindicatos filiados