Conheça a Wiphala, a bandeira colorida dos povos originários andinos

A origem da wiphala desperta forte controvérsia. Alguns a colocam como um símbolo dos povos mais antigos, como a cultura Tiwuanaku, outros indicam origem mais recente. Os primeiros achados arqueológicos sustentam que foram encontrados tecidos, pinturas rupestres e cerâmica com esta base em xadrez. O símbolo também aparece em desenhos e histórias de cronistas antigos.

Bandeira Wiphala - Reprodução

As suspeitas de origem moderna da wiphala referem-se, sobretudo, devido ao fato de que era tradicional e simbólico no velho mundo o aceno de bandeiras. Por outro lado, a grande explosão iconográfica da wiphala é recente, entre os ayamarás, e aconteceu com as mobilizações do sindicalismo camponês na década de 1970 na Bolívia.

Foi em 1987, por iniciativa de um grupo de pesquisadores entusiastas do Instituto Nacional de Arqueologia da Bolívia (Inar) que trabalharam recuperando informações existentes sobre os símbolos tradicionais da cultura andina. Eles projetaram um símbolo com 7 colunas e 7 linhas (49 quadrados), formando um emblema quadrado, onde o branco ocupa a diagonal e o centro, e os outros quadros constituem uma combinação de verde, azul, violeta, vermelho, laranja e amarelo.

Wiphala é muito mais do que a bandeira e o emblema da nação andina e aymará, é a representação da filosofia andina, simbolizando a doutrina da Pachakama (início, fim Universal) e da Pachamama (mãe, cosmos), que constituem o espaço, o tempo, a energia e o nosso planeta, de modo que o sentido da Wiphala é ser um todo.

Há uma faixa de sete quadrados brancos que simbolizam as Markas (condados) e Suyus (regiões), ou seja, a comunidade e unidade na diversidade geográfica e étnica dos Andes. Também representa o princípio da dualidade e de complementaridade dos opostos, juntando-se, assim, espaços; e por isso a oposição complementar ou força da dualidade, ou seja, a fertilidade, a união dos seres e, portanto, a transformação da natureza e dos seres humanos que implica no caminho vital, na busca que nos move.

Os quatro lados da wiphala comemoram quatro personagens míticos da cultura antiga e os quatro festivais que representam as quatro estações do calendário aymará.

O topo da wiphala é identificado com o sol, com o dia; a parte de baixo com a lua, com a noite.

Sobre as cores (da Wikipedia):

As cores se originam no arco-íris, tomado como referência pelos antepassados andinos, para mostrar a composição e estrutura dos emblemas e organizar a sociedade comunitária e harmónica dos Andes.

Vermelho

Representa o Planeta Terra (aka-pacha), é a expressão do homem andino, no aspecto intelectual, é a filosofia cósmica no pensamento e conhecimento dos Amawatas.

Laranja

Representa a sociedade e a cultura, é a expressão da cultura, também expressa a preservação e procriação da espécie humana, considerada a mais apreciada riqueza patrimonial da nação, a saúde e medicina, a formação e educação, a prática cultural da juventude dinâmica.

Amarelo

Representa a energia e força (ch'ama-pacha), é a expressão dos princípios morais do homem andino, é a doutrina de Pacha-Kama e Pacha-Mama: a Dualidade (chacha-warmi) são as leis e normas, a prática coletiva da irmandade e solidariedade humana.

Branco

Representa o tempo (jaya-pacha), é a expressão do desenvolver e a transformação permanente do Quallana Marka sobre os andes, e o desenvolver da ciência e a tecnologia, e arte, e trabalho intelectual e manual que gera a reciprocidade e harmonia dentro da estrutura comunitária.

Verde

Representa a economia e produção andina, é o símbolo das riquezas naturais, da superfície e sub-solo, representa terra e território, e assim mesmo a produção agropecuária, a Flora e Fáuna, as reservas hidrológicas e minerais.

Azul

Representa o espaço cósmico, o infinito (araxa-pacha), é a expressão dos sistemas estrelares do universo e os efeitos naturais que estão sobre a terra, é a astronomia e a física, a organização socioeconômica, política e cultural, é a lei da gravidade, as dimensões e fenômenos naturais.

Violeta

Representa a política e ideologia andina, é a expressão de poder comunitário e harmônico dos andes, o instrumento do estado, como uma estância superior, que é a estrutura do poder, as organizações, sociais, econômicas e culturais e a administração do povo do país.