O "FORA DILMA" é mesmo contra a corrupção?

 *Aluisio Arruda

Em primeiro lugar devo dizer que não sou do PT, mas como jornalista, ao analisar os desdobramentos do movimento, pode se concluir que o motivo principal não é o combate à corrupção, senão vejamos:

Se vingar o Impeachment de Dilma, quem assume é Michel Temer do PMDB, envolvido talvez até mais que o PT no escândalo do Petrolão, é só verificar as quantias desviadas e devolvidas pelos diretores indicados pelo PMDB, PP, várias vezes maiores que do PT.

Nas delações premiadas foram citadas como beneficiários, Eduardo Cunha, Renan Calheiros, Edson Lobão, e outros do PMDB e PP, além de Aécio Neves e outros do PSDB. Do PT, Delcídio e Lula alegando ter recebido presentes em reforma de Apartamento e sitio. Portanto os responsáveis não são apenas de um partido.

Os que defendem a cassação da chapa completa, Dilma e Temer, pecam ainda mais, pois no caso quem assumirá será o presidente da Câmara Eduardo Cunha, comprovadamente corrupto. Fica então muito claro que a principal preocupação não é o combate à corrupção. Os fatos indicam que o motivo principal é bem outro.

O que parece é uma disputa política entre os partidos mais à direita, que representam os setores mais abastados da sociedade, que espertamente coloca o combate à corrupção, para atrair para o seu lado a classe média despolitizada, e arrancar do poder os representantes dos setores mais à esquerda, que representam os setores populares.

Ao mesmo tempo com ajuda da mídia e de membros de Instituições que deveriam ser imparciais, procuram queimar definitivamente lideranças expressivas que poderiam ser obstáculo à volta ao poder daqueles que no passado tiveram práticas ainda piores, tanto que foram alijados.

Esses preteridos do passado, hoje se fingindo de santos, dizem que querem o poder para restabelecer a paz necessária para a retomada do desenvolvimento. Mas quem está promovendo a intranqüilidade, quem está torcendo pelo quanto pior, melhor?

Será que a retirada de um governo eleito, sem embasamento jurídico na Constituição Federal, conseguirá a paz que todos almejam?

Será que o outro lado, que representam as Entidades de Classe dos trabalhadores, dos estudantes, os Partidos de esquerda, aceitarão ser alijados do poder, sem considerar ser isso um Golpe? Aceitarão que como dantes, somente as elites terem o direito de governar o país?
Será que não haverá reação, greves, e intranqüilidade ainda maior?

Que se punam os corruptos, mas assim como não é certo condenar uma família porque um membro seja criminoso, não se deve condenar partidos ou segmentos da sociedade, porque meia dúzia destes praticaram atos ilícitos. Nem o Vaticano ou um Convento de Freiras estão isentos do pecado.

* Aluisio Arruda – jornalista, arquiteto e ex-presidente do PCdoB-MT