PCdoB-GO apresenta nota sobre a crise política nacional

Documento elaborado e aprovado em reunião realizada no dia 19 de março, alerta para os fatores nacionais e internacionais que permeiam o golpe e convoca a militância a participar das mobilizações nacionais em defesa da democracia

O PCdoB em Goiás aprovou, em reunião extraordinária realizada no dia 19 de março um documento no qual analisa a crise política em curso no Brasil. Na nota, o partido alerta para os interesses dos EUA e das potências européias na desestabilização do país, bem como para as ilegaliddes e arbitrariedades cometidas por parte do judiciário na Operação Lava Jato. Por fim, convoca a militância para participar da mobilização nacional em defesa da democracia, que acontece no dia 31 de março e é promovido pela Frente Brasil Popular e pela Frente Povo Sem Medo.

Confira o documento na íntegra:

Ganha força a luta pela democracia

O Brasil vive em estado permanente de ameaça à democracia. As últimas manifestações contra o governo Dilma, que lotaram as ruas nos últimos dias, podem passar a impressão de que o golpe é irreversível. Porém, os golpistas ainda estão longe de poder cantar a vitória. Se de um lado existe o consórcio oposicionista apoiado pelas grandes corporações internacionais, especialmente norte-americanas, e coordenado pela grande mídia; de outro lado podemos contar ainda com a maior liderança popular do país, o ex-presidente Lula, e a força do povo que garantiu a quarta vitória eleitoral sucessiva e a manutenção do governo nas mãos das forças progressistas.

Causa indignação o papel que tem sido cumprido pelos grandes veículos de comunicação. Verdadeiros julgamentos públicos, apartados do devido processo legal, têm sido promovidos. Pior que isso, têm sido feitos de forma flagrantemente seletiva, atingindo somente personalidades ligadas ao governo federal. As informações têm sido covardemente manipuladas, alimentando de forma irresponsável, o sentimento de animosidade e agravando a divisão radicalizada de opiniões no seio da sociedade brasileira. A atuação dessa mídia hegemônica faz lembrar a campanha do Ministro da Propaganda da Alemanha Nazista, Joseph Goebbels, que alimentou ódio aos judeus, e era baseada na sua teoria de que “uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade”.

Todavia, nem tudo são flores no caminho dos golpistas. Três elementos importantes ajudam a entender esse o quadro atual. Vejamos:

1 – contexto internacional

Não há dúvidas de que fatores externos operam e interferem na crise política brasileira. A descoberta das enormes reservas de petróleo da camada pré-sal colocam nosso país no centro das atenções do xadrez da geopolítica mundial. Além disso, o alinhamento do Brasil, com seu grande potencial econômico, junto ao bloco dos BRICS apresenta uma ameaça à hegemonia unipolar dos EUA. Porém, ao contrário do que aconteceu em 1964, não há unidade das forças imperialistas em relação a como atuar em prol de seus interesses. Enquanto a extrema-direita, ligada às petroleiras e aos grandes bancos, financia a ameaça golpista, o governo norte-americano, que outrora se empenhou para subverter nossa ordem democrática, não parece estar disposto a agir diretamente para derrubar Dilma.

2 – arbitrariedades da Operação Lava Jato

Na ânsia de dar um desfecho que sustente a tese golpista de que o ciclo progressista iniciado em 2003 está contaminado pela corrupção, setores do Poder Judiciário, da Polícia Federal e do Ministério Público, comandados pelo juiz Sérgio Moro, se aproveitam dos ilícitos cometidos na Petrobras para tentar fazer ligação sem provas entre estes e a presidenta Dilma e o ex-presidente Lula; vazam de forma seletiva trechos de depoimentos da Operação Lava Jato que poupam figuras ligadas à oposição; extrapolam suas competências e cometem crimes ao efetuar prisão injustificada de Lula; e, mais grave, interceptam ligações telefônicas entre advogados e clientes, e da própria presidenta da República no Palácio do Planalto, ferindo a Constituição Federal. Estas ações caracterizam um verdadeiro Estado de Exceção! O Direito está sendo usado para legitimar o ilegitimável. A máscara da legalidade do golpe está caindo. Cada vez fica mais claro que não se trata de uma investigação neutra, e sim, de uma perseguição política ao governo, à esquerda, a presidenta Dilma e ao ex-presidente Lula!

3 – retomada da iniciativa política do governo e possibilidade de mobilização das massas

A nomeação de Lula como Ministro-Chefe da Casa Civil, aparentemente um ato simples, trata-se de grande acerto político, no sentido de despertar milhões de brasileiras e brasileiros em defesa da democracia. Este fato pode reacender a esperança de superação da crise política e de retomada do crescimento econômico. Grande liderança que é, Lula será capaz de ajudar a presidenta Dilma na recomposição da base social e política do governo, na mobilização do povo e na resistência ao golpe. O próximo período, com o ex-presidente chamado ao centro da luta política, abre a possibilidade de contrapor-se ao polo golpista um polo democrático e progressista.

Esses três fatores em conjunto indicam que o golpe pode ser detido. As reações extremadas aos últimos acontecimentos demonstram o desespero da oposição. Oposição esta que ainda não conseguiu sequer apresentar uma alternativa política viável para o país. Os factoides golpistas não poderão manter a mobilização social indefinidamente. Nem mesmo a Comissão Especial do Impeachment acrescentará algo novo: as chamadas “pedaladas fiscais” já foram devidamente justificadas e pagas. É hora de conquistar a opinião popular na luta para impedir o golpe e retrocessos. Apoiar Lula ministro do Governo Dilma significa assegurar mais avanços e conquistas. As manifestações de 18 de março mostraram a participação crescente do povo em defesa da democracia e contra o golpe. Prova disso é que por todo o país grandes e belos atos alimentaram a resistência e demonstraram que o povo ocupará cada vez mais as ruas. Dia 31 de março em Brasília, todas e todos estão chamados/as para o Ato Nacional em defesa da democracia. Não vai ter golpe!

Goiânia, 19 de março de 2016.

PCdoB-GO
Partido Comunista do Brasil