Governo da Colômbia diz que entrega de armas das Farc é “crucial”
O chefe da equipe de negociação do governo colombiano com as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), Humberto de la Calle, declarou na noite desta quarta-feira (23) que ainda há pontos pendentes nos diálogos entre os dois lados antes da finalização do acordo de paz, em especial quanto à entrega dos armamentos do grupo. A condição foi imposta por Bogotá para concessão de anistia a delitos considerados graves e permissão para que guerrilheiros possam fazer política legalmente no país.
Publicado 24/03/2016 12:35

“O que será pactuado sobre participação política deve estar sujeito também à entrega de armas, condição para a aplicação dos mecanismos de justiça transicional e para abrir a porta à reincorporação [dos guerrilheiros] na vida civil”, disse de la Calle, acrescentando que o acordo precisa assegurar à população colombiana “o rompimento do vínculo entre política e armas”. Ele destacou também que o governo deseja que a anistia a delitos graves seja concedida após a entrega de armas, o que as Farc propõem que ocorra no momento da assinatura do acordo final.
O prazo inicial, que foi consensualmente estendido no começo deste mês, havia sido estipulado em setembro para 23 de março, ou seja, esta quarta-feira. Desde o início, as negociações entre as Farc e o governo da Colômbia ocorrem em Havana, capital de Cuba.
“Temos de dar proteção jurídica e física às Farc, mas elas precisam garantir à sociedade civil que irão se incorporar leal e limpamente à vida civil”, afirmou de la Calle. Em seu pronunciamento, ele afirmou ainda que ainda existem “diferenças importantes [do governo] com as Farc sobre temas fundamentais”.
O chefe da delegação de paz das Farc, Luciano Marín Arango, conhecido como “Iván Márquez”, também fez um pronunciamento à imprensa, no qual disse que o prazo inicial não foi cumprido “porque as exigências lógicas de uma prolongada e complexa guerra assim determinaram”.
“Estamos delineando o caminho mais propício para avançar na concretização de assuntos cruciais como a anistia, a cessação bilateral de fogo e de hostilidades, o processo de abandono de armas e a execução de ações que garantam a segurança jurídica e a implementação efetiva de todos os compromissos”, disse Márquez.