Sousa Júnior: Carta aberta de um cearense a Tiririca

Por *Sousa Júnior

tiririca pode ser candidato em são paulo

Tão falso quanto cédula de três reais é falar em nome do povo, assim como muitos embusteiros religiosos falam em nome de Deus como se tivessem procuração para isso. Que povo? Eu sou parte do povo e não aceito ninguém falar em meu nome ou sobre o que eu penso. O mesmo vale para todo cidadão e cidadã brasileiros.

Esses coxinhas golpistas, que se assumem eleitores paulistas e falam em nome do povo para tentar influir no voto do cearense Tiririca a favor do golpe, sequer devem ser seus eleitores, pois geralmente são preconceituosos e discriminam os nordestinos. Agora, através das redes sociais, querem chantagear o nobre deputado com o que não possuem: coerência.

Eu não voto em São Paulo porque sou do Ceará e, portanto, meu pensamento aqui publicado não serve de moeda de troca, mas serve como um grito de alerta a um dos mais respeitados e coerentes políticos do Congresso Nacional, apesar de seu irônico desrespeito a esse espaço político que, infelizmente, piorou e muito, não por causa dele, Tiririca, mas pelos eduardos cunhas e bolsonaros da vida.

Quem testemunhou isso foi um outro digno cearense que admiro, Inácio Arruda, ex-senador do PCdoB, que acompanhou o primeiro mandato de Tiririca como deputado federal e o elogiou publicamente. Eu já tinha admiração por Tirica quando lhe propus e ele aceitou que eu fizesse um vídeo sobre suas apresentações aqui no Ceará, na antiga casa de show Subindo ao Céu e nas pizzarias Disk Pizza e Shopping Pizza, vídeo este que foi a primeira peça publicitária de suas inesquecíveis apresentações em Fortaleza, de tal forma que um dos meus amigos da Bahia, Geraldo Galindo, em mensagem recente enviada para mim, elogiou Tiririca ao se recusar receber uma propina, parabenizando-me pela “minha cria", isso porque através do vídeo que fiz ele começou a ser conhecido fora do Ceará, incluindo a Bahia.

Mas é claro que isso foi uma brincadeira de meu amigo, a exemplo de tantas que o Tiririca faz, pois o hoje deputado não é cria de ninguém, ele se criou a si mesmo por sua genialidade e esforço próprio. Por isso mesmo espero que ele, que não tem nada de abestado, não se junte a essa corja de golpistas votando contra a democracia, por mais discordâncias que ele possa ter do governo Dilma, assim como eu tenho, não justifica discordar do bem mais precioso de todos na política: o voto. Não o voto de um eleitor do Ceará ou de São Paulo e sim de 54 milhões de brasileiros e brasileiras que elegeram Dilma para governar por quatro anos e não por um ano e poucos meses.

Impeachment não é julgamento de um governo e sim punição de quem comete crime previsto na Constituição e no Código Penal. O julgamento se dará em 2018, da Dilma e de todos os governadores, deputados e senadores. Punir uma presidenta sem crime que o justifique é antecipar ilegalmente esse julgamento. Mais do que isso: é cometer um crime contra a vontade popular expressa nas urnas. É ferir de morte a democracia. E a história, livre das paixões do momento, não perdoará e julgará com justiça os que hoje julgam injustamente.


*Sousa Júnior é publicitário.

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