Ceará lança Comitê LGBT Pela Democracia

A União da Juventude Socialista (UJS) de Fortaleza e a União Nacional LGBT (UNA) promoveram, na noite da última sexta-feira (15), em Fortaleza, a festa “Vem Pro Close!”. A iniciativa, que aconteceu na Praça da Gentilândia, reuniu a juventude local, a comunidade LGBT e representantes de movimentos sociais para discutir os avanços sociais obtidos nos últimos anos, tratar da importância de defender a democracia para manter seus direitos e lançar oficialmente o Comitê LGBT Pela Democracia do Ceará.

Ceará lança Comitê LGBT Pela Democracia

Várias pessoas se pronunciaram sobre a situação política do país e repetiram as palavras de ordem proclamadas pelo país inteiro: “Não vai ter golpe, vai ter luta!”, “As gays, as bi, as trans e as sapatão, tão tudo organizada pra fazer revolução!”, “Deixa meu corpo em paz, ele sabe bem o que faz!” e “A nossa luta é todo dia, pra defender a democracia!” foram algumas das frases entoadas pelos manifestantes.

Militantes e representantes de entidades sociais fizeram a leitura da nota de lançamento do Comitê LGBT Pela Democracia do Ceará. Após a leitura, todas e todos foram convidados a participar da “Virada Cultural Pela Democracia”, evento que seria realizado na Avenida da Universidade no último sábado (16/04) em apoio à democracia brasileira e à presidenta Dilma Rousseff.

Para Sílvia Cavalliere, vice-presidenta da União Nacional LGBT e secretária de organização da UJS Fortaleza, “ocupar a Gentilândia é um marco importante para essa geração de jovens que não viveram os horrores da Ditadura, mas que também não querem que nada destrua a democracia do nosso país”. Ainda de acordo com Cavalliere, há muitos golpistas apoiando figuras como Eduardo Cunha e Bolsonaro para chegar à presidência, mas a juventude brasileira não permitirá que isto aconteça, por isso a necessidade de organizar eventos como o encontro de sexta. “Queremos que Dilma continue sendo nossa presidenta, pois ela foi legitimamente eleita e impeachment sem crime de responsabilidade é golpe!”, ratificou Sílvia.

Nota do Comitê LGBT Pela Democracia do Ceará

“Nós, cidadãs e cidadãos lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais do Ceará, vimos por meio deste movimento nos posicionarmos em defesa da democracia, por mais direitos sociais e contra o golpe, criando, assim, o Comitê LGBT Pela Democracia – Ceará, um dos muitos braços da Frente Brasil Popular.

Por quase cinco séculos, não houve democracia na História do Brasil. Também não havia direitos para a população LGBT. Da descoberta até o Brasil Império, a “sodomia” era crime punido com pena de morte. Fomos perseguidas e perseguidos pela Igreja e pela Ditadura Militar. A partir da Redemocratização em 1985, que nossos movimentos sociais conseguiram se colocar nas políticas públicas e conquistar direitos.

O período de consideráveis avanços para nossa população se deu a partir de 2003, com a criação do Programa Brasil sem Homofobia. Através deste, obtivemos a ampliação da participação e do acesso às políticas públicas de enfrentamento à discriminação e à promoção dos direitos humanos de LGBT. Lutamos pela realização de conferências e pela implementação de instrumentos legais que garantissem o acesso integral aos nossos direitos. Hoje, temos a Coordenação Geral de Promoção dos Direitos LGBT, o Conselho Nacional de Combate à Discriminação e Promoção dos Direitos LGBT, o Sistema Nacional de Enfrentamento à Violência LGBT, o Disque 100 e, neste ano, a criação do Comitê Técnico LGBT de Cultura do Ministério da Cultura.

Esses projetos resultaram em direitos que temos que manter no Estado Democrático. Estamos falando do reconhecimento pelo STF das uniões civis de LGBT, do uso do nome social por travestis e transexuais, do sistema do processo transexualizador do SUS, dos investimentos nas campanhas de prevenção e de tratamento da AIDS. Ainda assim, não avançamos no reconhecimento das famílias com pais LGBT, na inclusão das temáticas de gênero e orientação sexual nos planos nacional, estaduais e municipais de Educação, e muito menos na criminalização da LGBTfobia.

E a nossa luta é todo dia, mas não apenas contra o machismo, o racismo e a homofobia, mas em defesa da democracia. Vamos vencer o ódio, a intolerância, a angústia e o descrédito que os golpistas espalharam pelo país!

Vamos defender a DEMOCRACIA, suas instituições, nossas conquistas, para que o nosso projeto de participação popular não seja derrotado! Só com a democracia é que podemos ver o país crescer e avançar nos direitos e igualdade de oportunidades. Não vamos temer! Não vamos retroceder! Não vamos nenhum direito perder! Não vai ter golpe! Vai ter luta! E vai ter LGBT no poder!”