Paulo Emmanuel e as 15 charges contra o golpe  

 
*Por Paulo Fonteles Filho

Um artista é sempre um livre pensador e suas digitais são registradas pelo mundo com suas criações. Assim é no cinema, foi com Chaplin e Glauber. Na poesia de Neruda e Drummond. No teatro de Brecht e Boal. Na literatura de Gabo e de Graciliano Ramos. Nas canções de Jara e Chico Buarque. Nas pinturas de Picasso e Portinari. São tantos que nem ouso.
 
Mas, e os chargistas? Onde estarão?
 

 Os chargistas sempre estiveram aqui, na vida cotidiana e ali, no centro das paródias da luta política. O Brasil os conhece através dos traços do Jaguar, do Ziraldo, Millôr Fernandez, Prósperi, Claudius, Fortuna e de meu preferido, o Henfil, aquele da Graúna que, ao lado do Bode Orelana e do nordestino Zeferino satirizavam o país da repressão, da fome, da ausência das liberdades públicas e da ditadura militar moribunda.   

 
Tenho, pelos sótãos da memória, a imagem do Pasquim e daqueles dias – quando os lobos rondavam nossos telhados – em que meus pais, Paulo e Hecilda, chegavam com aquele jornal subversivo em casa. O Pasquim era o porta-voz da indignação social tupiniquim.

Somos todos filhos daqueles espadachins das canetas e dos nanquins. 
 
Na atualidade, as charges de Laerte, Bira Dantas e Latuff estão a lançar mensagens de combate e uma antiga verve está acesa, indicando-nos a denúncia contra o fascismo, a homofobia, a misoginia, a bancada da bala, o fanatismo religioso e o entreguismo, aliás, questões pertinentes no mapa das ideologias dos golpistas da vida presente.
 
Na miríade dos paraenses, entre gigantes como o Biratan, o Walter Pinto, o Félix e o Luiz Pê – todos surgidos entre os anos de 1970/1980 – está a figura de Paulo Emmanuel e suas criações que procuram, na luta democrática presente, desmascarar o que se esconde por detrás de Sérgio Moro, Eduardo Cunha, Michel Temer e Jair Bolsonaro.
 
Esse cartunista, ilustrador, quadrinista e artista plástico – tive a honra de tê-lo como artista, ilustrando ‘Araguaianas’ em 2013, meu primeiro livro, já esgotado – com 30 anos de profissão teve e têm trabalhos publicados em salões nacionais e internacionais de humor, como o de Piracicaba, São Paulo; o Knokke-Heist, da Bélgica; o Umoristi Marostica, da Itália; no PortoCartoon, em Portugal e o Omya, no Japão, entre outros.
 
Foi chargista editorial da extinta “A Província do Pará”, além de ter trabalhado em “O Liberal” e no “Diário do Pará”.
 
Atualmente produz sua própria revista de charges, futebol humor, cultura e política denominado PH -PARAZÃOHEBDO.
 
Aqui, camarás, 15 charges contra o golpe e em defesa da democracia.
 
 
Evoé Paulo Emmanuel!


*Paulo Fonteles Filho é dirigente do PCdoB no Pará, Membro da Comissão da Verdade e pesquisador do tema Guerrilha do Araguaia.