Senadores governistas tentam acelerar impeachment para salvar Temer

A Comissão Especial do Impeachment não chegou a um acordo sobre o cronograma de trabalho apresentado pelo relator, Antonio Anastasia (PSDB-MG), para a segunda fase do processo contra a presidente afastada Dilma Rousseff, na reunião desta quinta-feira (2). A tentativa de reduzir os prazos para acelerar o processo gerou polêmica. Os defensores de Dilma denunciam o medo dos golpistas de reversão dos votos de senadores contra o impeachment.

Tentativa de acelerar processo de impeachment gera polêmica na comissão - Agência Senado

O presidente da comissão, Raimundo Lira, decidiu consultar o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski sobre o assunto. E marcou nova reunião para discutir o tema para a próxima segunda-feira (6), às 16h.

Inicialmente, Anastasia havia previsto 15 dias para as alegações finais da acusação e os mesmos 15 dias para a defesa. A senadora Simonte Tebet (PMDB-MS) apresentou questão de ordem propondo a redução desses prazos para cinco dias para cada uma das partes, o que anteciparia o julgamento final do início de agosto para meados de julho. A sugestão gerou protestos dos parlamentares da oposição, aliados de Dilma.

Algo grave

“Reduzir prazos de alegações finais, principalmente para a defesa, é algo muito grave. O que está havendo é uma pressão, sim, desse presidente interino Michel Temer, que está preocupado com seu governo. Já caíram dois ministros. Ele está fazendo pressão sobre esta comissão”, criticou o senador Lindbergh Farias (PT-RJ).

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) também não concordou com a questão de ordem e apresentou recurso para que ela fosse levada ao presidente do STF, que atua como instância máxima nesta fase do processo de impeachment. Diante disso, Raimundo Lira disse achar melhor aguardar a decisão de Lewandowski.

“Fiz todas as consultas possíveis sobre o aspecto legal e não encontrei saída para negar a questão de ordem. Ficaria confortável e tranquilo se o ministro Lewandowski decidisse”, afirmou Lira.