Defesa pede impugnação de membro da perícia sobre contas de Dilma 

Na reunião dessa quarta-feira (15) da Comissão de Impeachment do Senado, o advogado que defende a presidenta eleita, José Eduardo Cardozo, pediu a impugnação de Diego Brandino como um dos três consultores do Senado indicados para fazer a auditoria nos documentos que, segundo a acusação, sustentariam o processo de impeachment contra Dilma Rousseff. Cardoso alegou que ele teria “demonstrado engajamento político e ideológico contra a presidenta”. 

Defesa pede impugnação do coordenador da perícia sobre contas de Dilma - Agência Senado

Após o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Levandowski – última instância recursal do processo – autorizar a realização da perícia, foram designados três consultores do Senado para o trabalho: João Henrique Pederiva, Fernando Álvares Leão Rincón e Diego Prandino Alves. Esse último, para coordenar o grupo.

Em rápida pesquisa, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) descobriu postagens de Prandino em sua página nas redes sociais onde o servidor se manifestava claramente contrário ao PT e à presidenta Dilma Rousseff, o que provocou o pedido de Cardoso.

Os defensores do golpe não aceitaram, alegando que o pedido da defesa cerceava o direito de manifestação pessoal do perito, e que essas manifestações não o desqualificariam.

Lindbergh disse que não vê problema no fato de o servidor ter sua visão política, mas disse que a presença dele como coordenador do grupo poderia suscitar dúvidas sobre a isenção da auditoria.

“Ressalvamos, por óbvio, o direito democrático dele (Prandinor) se manifestar politicamente, e nosso questionamento não desabona sua atuação como servidor. Mas é explícito que, pela posição política, ele não tem a isenção necessária para realizar o trabalho”, postou o senador em sua página no Facebook.

Não adiantou. A comissão rejeitou a impugnação do perito. O presidente da comissão especial, Raimundo Lira (PMDB-PB), disse que a única alternativa, agora, é o próprio servidor se declarar suspeito para coordenar os trabalhos.

Dispensa de testemunha

O último depoimento do dia seria o do Consultor de Orçamentos do Senado Hipólito Gadelha Remígio. Ele chegou a iniciar sua fala mas foi interrompido pelo relator, Antônio Anastasia (PSDB-MG), que pediu a dispensa da testemunha. Segundo o relator, a audiência era desnecessária, porque Remígio não teria nem praticado nem presenciado atos relacionados ao processo.

Cardozo reclamou. Disse que o consultor estava na mesma condição que outro depoente, o procurador do Tribunal de Contas da União (TCU), Júlio Marcelo, que falou na quarta-feira passada (8). Anastasia contra-argumentou dizendo que Remígio estava depondo apenas na condição de especialista e, por isso, ouvi-lo seria desnecessário.

A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), que indicou a testemunha, diz que o Congresso tem responsabilidade objetiva sobre o cumprimento da Lei de Responsabilidade, e por isso convocou Hipólito Gadelha Remígio, consultor de Orçamentos do Senado.

O final da oitiva foi colocado em votação e, como tem maioria na comissão, os defensores do golpe venceram e a oitiva foi suspensa.