Cinco policiais são mortos e questão racial se acirra nos EUA

No mais recente episódio da escalada de violência racial que ocorre nos EUA, cinco policiais morreram e outros sete ficaram feridos, na noite desta quinta-feira (7), em Dallas. O caso ocorreu durante protestos, na cidade, por conta da violência policial contra negros.

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Segundo as autoridades locais, os policiais foram emboscados por atiradores que se aproveitaram das manifestações. Um dos suspeitos foi morto pela Polícia local com a ajuda de um robô e uma bomba.

"Acreditamos que esses suspeitos foram se colocando de forma triangular sobre policiais de duas posições diferentes em garagens no centro da cidade… “Estavam planejando ferir e matar tantos policiais quanto pudessem", disse o chefe de polícia de Dallas, David Brown.

"O suspeito afirmou estar decepcionado com brancos. Ele disse que queria matar pessoas brancas, especialmente policiais brancos", ressaltou Brown. Outras duas pessoas estão detidas, suspeitas de participação no ato.

O presidente dos EUA, Barack Obama, criticou os ataques, falou sobre o importante papel que a polícia possui dentro do país, mas destacou que o problema racial precisa ser discutido pelos norte-americanos. "Deixe-me apenas dizer que, mesmo que eu tenha recomendado que devemos nos preocupar com a discriminação racial no nosso sistema de Justiça criminal, eu também digo que a nossa polícia tem um trabalho extremamente difícil".

Obama, mais uma vez, lembrou sobre outro grande problema da sociedade americana, a posse de armas de fogo. "Sabemos que, quando as pessoas têm armas poderosas, infelizmente, fazem ataques como esses, mortais e trágicos".

A manifestação contava com centenas de pessoas e, segundo testemunhas, os suspeitos do ataque não faziam parte deste grupo. Os protestos foram motivados pela morte de dois homens negros, nesta semana, em decorrência da ação de policiais brancos.

O primeiro caso ocorreu em Baton Rouge, Louisiana, na terça-feira (5), e resultou na morte de Alton Sterling. O segundo aconteceu em Saint Paul, no Minnesota, na quarta-feira (6), e provocou a morte de Philando Castile. Os dois episódios tiveram grande repercussão no país porque foram filmados por aparelho celular e colocados no Facebook. Outras cidades como Chicago e Nova York, também registraram protestos.

Ações como as que resultaram na morte destes dois homens negros têm sido recorrentes nos últimos anos nos EUA e tem gerado grandes manifestações, conflitos e um acirramento da já problemática e delicada relação inter-racial no país.

Histórico

Em fevereiro de 2012, a população dos EUA teve de acompanhar o assassinado em Sanford, Flórida, do jovem Trayvon Martin, de 17 anos, por um guarda de segurança que o considerou suspeito.

Em 9 de agosto de 2014, foi assassinado o jovem afro-estadunidense Michael Brown, de 18 anos, desarmado, pelas mãos do policial branco Darren Wilson, em Ferguson. Nos dias seguintes, milhares de pessoas foram às ruas reclamar do tratamento que os negros recebem dos policiais no país e da impunidade dos agressores.

No dia 30 de abril de 2014, o policial Christopher Manney disparou 14 vezes contra Dontre Hamilton, de 31 anos, que estava desarmado. Em abril de 2015, a morte de Freddie Gray, de Baltimore, Maryland, também gerou importante comoção.

Em julho de 2014, poucos dias antes dos acontecimentos em Ferguson, Eric Garner, de 43 anos, morreu depois de ser estrangulado pelo agente branco Daniel Pantaleo.

Estes e outros casos inspiraram o movimento Black Lives Matter (A Vida dos Negros Importa). Poucos meses atrás, um homem branco matou 9 pessoas em uma igreja, todas negras, e admitiu que as assassinou, mesmo sem se quer conhecer nenhuma delas, apenas por motivação racial.

Estes casos ganharam grande repercussão, inclusive internacional, e exemplificam a gravidade da questão racial nos EUA. No entanto, diversos outros casos ocorreram no país, nos últimos meses, sem tanta repercussão, acirrando ainda mais os ânimos e gerando violência, protestos, depredação e uma enorme desconfiança na relação entre a polícia e a comunidade negra norte-americana.