Entrevista – Lula: "Temer tem atitude autoritária"

Em entrevista concedida na última terça-feira (02/08) ao jornalista Luiz Viana, da rádio O POVO/CBN, no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a postura do presidente em exercício Michel Temer (PMDB). Ele acusou o peemedebista de tomar atitudes autoritárias e dar golpe “na interinidade”. Lula também comentou sobre a Operação Lava Jato.

Entrevista - Lula: "Temer tem atitude autoritária"

“Ele está trabalhando como se o fato (impeachment) fosse consumado. Na minha opinião, de certa forma, até desrespeitosas com a Dilma e com a Constituição. Temer praticamente cerceou a Dilma até de viajar. É até uma atitude autoritária. Isso é ruim para o País”, avaliou.

Lula condenou o fato de Temer ter trocado todos os postos do governo para pessoas de sua confiança. “O que aconteceu com Temer foi que ele deu um golpe dentro da interinidade. Não é um governo interino. Ele tomou atitude como se fosse um governo definitivo. Começou a trocar primeiro, segundo, quarto (sic), quinto, sexto, sétimo, oitavo escalão”, criticou.

Para ele, a melhor estratégia para reverter o quadro do impeachment é alcançar os senadores e mostrar que não teria havido crime por parte de Dilma. Durante seu discurso na convenção do PT na última segunda, 1º, ele pediu que a militância usasse o aplicativo WhatsApp e as redes sociais para pressionar os parlamentares.

Lula admitiu que Dilma cometeu erros durante o mandato. Para o ex-presidente, ela deveria ter conversado com os movimentos sociais antes de propor ajustes que trariam prejuízos ao trabalhador. “Eu acho que a companheira Dilma cometeu um equívoco quando ela propôs um ajuste até 29 de dezembro. Ela deveria ter conversado com o movimento sindical. Ela apresentou um ajuste que desgastou e desgostou muita gente”, disse.

Lava Jato

Na semana passada, Lula virou réu no âmbito da Operação Lava Jato. Ele foi acusado de tentativa de obstrução de Justiça, no caso que envolveu também o ex-senador Delcídio do Amaral. Segundo o Ministério Público, eles teriam tentado comprar o silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, delator no caso.

Sobre o assunto, Lula respondeu que se sente perseguido. “Estamos vivendo uma espécie de um estado de exceção. As pessoas não precisam de provas, levantam a denúncia com a expectativa de que a manchete de jornais transforme aquilo num crime”, diz.

Lula criticou ainda a postura do Ministério Público e da Polícia Federal de vazar informações para a imprensa. “É possível fazer uma investigação séria, colocar na cadeia, sem colocar na manchete dos jornais? (…) Me sinto moralmente ofendido”, reclamou o petista