Comentário do Ministro sobre mulheres gera indignação na sociedade

“Homens vão menos ao médico porque trabalham mais", com essa declaração o ministro da Saúde do governo interino, Ricardo Barros, gerou revolta nesta quinta-feira (11) na internet e entre entidades dos movimentos sociais. O ministro, que participava da criação de um plano para aumentar as estatísticas de atendimento a homens na rede pública de saúde do Brasil, ainda afirmou que o sexo masculino é o provedor da maioria das famílias". 

Por Laís Gouveia

Comentário do Ministro sobre mulheres gera indiguinação da sociedade

A diretora da União Brasileira de Mulheres (UBM) e militante da União da Juventude Socialista, Maria das Neves, descontrói a declaração do ministro, "as mulheres trabalham cinco horas a mais por dia que os homens, são elas as provedoras dos lares brasileiros, mesmo sendo jovens e sem cônjuge, o índice de natalidade diminui no Brasil, sobretudo no Nordeste entre as beneficiárias do bolsa família, o pré-natal não chegou à todas as mulheres, e elas ainda sofrem com o racismo institucional e não tem acesso a esse serviço. Por fim, toda mulher quer engravidar. Ser mãe não é uma sentença ou vocação natural das mulheres. A saúde de homens e mulheres não deve estar atrelada a maternidade", enfatiza Maria. 

Angela Guimarães, presidenta da União de Negros pela Igualde (Unegro) considera a fala do ministro Infeliz, machista e ignorante, "pois desconhece o fato de que mulheres trabalham cerca de 5 horas a mais do que os homens. Reforça a nossa convicção que um ministério machista em sua composição e concepção desconhece a verdadeira realidade do povo Brasileiro e só tem o propósito de desmontar todos os avanços sociais até conquistados, dentre eles o SUS. Recomendo ao ministro golpista simplesmente manter silêncio quando não souber o que falar, pois cada declaração sua é mais desastrosa que a anterior. Uma prova cabal de quem não tem legitimidade e nem autoridade política pra estar no governo", denuncia. 

Revolta entre internautas 

Nas redes sociais o comentário do ministro gerou revolta entre os internautas, "To procurando o 'omi' que proveu tudo para eu chegar até aqui, será que minha mãe era homem esse tempo todo?", ironiza Vivian. 

"Um retrocesso inaceitável… Vai ser duro continuar engolindo esse sapo", lamenta Eliana. 

"É revoltante, mesmo, infelizmente, se o 'coiso' permanecer [Michel Temer]a situação vai ficar ainda pior", avalia Fred. 

"Homens não vão ao médico porque acham que são fortes demais pra isso. Culpa de quem? Da mulher é que não é", diz Paula. 

Até filha critica o pai 

Até a filha do ministro Ricardo Barros, a Deputada Estadual Maria Victoria Borghetti (PP-PR), criticou a declaração do pai. “Pai, logo o senhor, com duas mulheres como nós em casa, a vice-governadora do estado do Paraná, a Cida Borghetti, eu, deputada estadual, e trabalhamos tanto quanto o senhor. Por mais que haja dados absolutos de que há um maior número de homens no mercado formal de trabalho, o IBGE afirma que as mulheres trabalham em média 5 horas a mais na semana do que os homens, portanto uma jornada de trabalho mais longa. E não precisa de dados para mostrar o quanto as mulheres trabalham nesse Brasil inteiro. Depois de trabalhar fora de casa, ainda tem de trabalhar em casa, a famosa jornada dupla de trabalho. Não é isso mulherada?”, declarou a deputada em vídeo. 

Assista ao vídeo: 

Realidade: Salários menores e precarização 

Os dados do IBGE demonstram que a dclaração Ministro da Saúde não condiz com a realidade: Além das mulheres trabalharem 5 horas por dia mais que os homens, ganham 30% menos, mesmo ocupando os mesmos cargos que os homens no mercado de trabalho (na média, R$ 1.288 contra R$ 1.831, em 2014). Apenas no trabalho doméstico, a jornada feminina, de 20,6 horas, é mais do dobro da observada para os homens, de 9,8 horas por semana.