Senador denuncia negociações para apressar julgamento 

A abertura da sessão de julgamento do impeachment da presidenta eleita Dilma Rousseff, nesta quinta-feira (25), no Senado, foi marcada por um fato novo exposto pelo senador Lindbergh Farias (PT – RJ). O jantar que reuniu, na madrugada desta mesma quinta-feira, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) com o presidente ilegítimo Michel Temer, noticiado na mídia. Para o senador, “nós somos juízes. Os juízes não podem negociar com as partes”, alertou. 

lindberg-farias - Agência Senado

“Nós estamos no julgamento. As testemunhas estão confinadas. Esse é um momento em que nós somos juízes. Os juízes não podem negociar com as partes”, afirmou o senador, acrescentando que “nós fomos surpreendidos hoje, pela manhã, com notícias dos jornais falando de um jantar do Presidente do Senado, Renan Calheiros, com o Presidente interino Michel Temer e, nesse jantar, o Presidente do Senado, segundo dizem os jornais, tinha falado em terminar esse julgamento no dia 30.”

Além de criticar as conversações entre Renan Calheiros e o presidente interino, o senador alertou ainda que “não dá para dizer a data de acabar esse julgamento. Nós vamos escutar aqui as testemunhas, temos a oitiva das testemunhas, depois, vamos ter o interrogatório da Presidente da República, na segunda-feira. Depois, vamos ter discussões.”

Para o senador, “há uma pressa desse Presidente interino Michel Temer, uma pressa gigantesca de acabar logo esse processo. Ele fala que é pela viagem à China. Na nossa avaliação não é por isso. É medo das próximas delações.”

E insistiu em dizer que a defesa tem direito a expor para os senadores e a população brasileira todas os argumento e evidências de que o processo que quer afastar a presidenta Dilma é um golpe contra a democracia.

“Eu só quero deixar muito claro aqui que não há prazo e, por mais que o Presidente do Senado queira, de alguma forma, oferecer isso ao Presidente interino Michel Temer, isso não pode”, consluiu.

Ao final da fala do senador, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, que preside a sessão, reafirmou, como tem feito ao longo do processo, que “o julgamento tem prazo para começar, mas não tem prazo para terminar. Nós desenvolveremos os nossos trabalhos com toda a tranquilidade, respeitando o devido processo legal e o contraditório e a ampla defesa”, assegurou.