Impeachment: Povo de Fortaleza diz "Fora Temer" e "não ao golpe"

Uma grande manifestação espontânea reuniu centenas de pessoas nos bairros da Gentilândia e do Benfica no começo da noite da última quarta-feira (31/08), em Fortaleza. O ato foi a resposta do povo cearense ao golpe, ao desrespeito ao voto de 54,5 milhões de brasileiros e à quebra da democracia no País. Desde as 16h os manifestantes se concentraram na Praça da Gentilândia, tradicional espaço de lutas pela liberdade, por avanços políticos e contra a retirada de direitos.

Impeachment: Povo de Fortaleza diz "Fora Temer" e "não ao golpe"

No começo da noite, os manifestantes saíram em passeata pela rua Marechal Deodoro e pela Avenida 13 de Maio, no sentido Aldeota-Benfica, passando pela Reitoria da Universidade Federal do Ceará e seguindo até o cruzamento das avenidas da Universidade e Carapinima.

"Fora Temer" é a palavra de ordem mais entoada na manifestação, que conta com estudantes, professores, representantes de diversos partidos políticos do campo popular, sindicatos, associações, centros acadêmicos, ONGs, entre outras entidades da sociedade civil organizada, além da população em geral, que foi às ruas para mostrar que rejeita o governo usurpador e ilegítimo de Temer e exige a volta da democracia.

Movimentos como a Frente Brasil Popular e a Frente Povo Sem Medo, entidades como a União da Juventude Socialista e representantes de partidos como Psol, PCB, PT e PCdoB, além de parlamentares como o deputado federal Chico Lopes (PCdoB) e o vereador João Alfredo (Psol), também participaram do ato, assim como personalidades de destaque nos campos da cultura e do pensamento no Ceará.

Os manifestantes reforçaram a luta por uma saída democrática para a crise, com o povo decidindo quem deve ser o presidente, por voto direto, em eleições urgentes. O repúdio à covardia dos senadores que votaram a favor do golpe e a crítica às demais instituições que foram cúmplices na quebra da democracia, como a Câmara dos Deputados, a Justiça e a grande imprensa foram destacados durante as falas na Praça da Gentilândia e nas palavras de ordem gritadas ao longo da caminhada pela Avenida 13 de Maio.

Assim como fez durante todo o período que antecedeu à concretização do golpe, a população de Fortaleza respondeu rapidamente aos novos fatos e já foi para as ruas, defender a democracia, denunciar o golpe e dizer que não reconhece o governo Temer. A defesa dos direitos trabalhistas, do patrimônio nacional e das prerrogativas constitucionais individuais e coletivas, todos seriamente ameaçados caso o ilegítimo Michel Temer siga no poder, apesar das graves denúncias que pesam contra ele e que esperam por respostas.

Opiniões

“Não poderia deixar de dizer que considero o desfecho do mais injusto processo da História democrática deste País, quando uma mulher honrada, honesta, foi punida da forma mais severa, extirpada da cadeira da Presidência. A resposta para a insatisfação com um governo deve ser a voz democrática das urnas; jamais a imposição da vontade dos opositores como uma espécie de eleição indireta. O que está em jogo não é apenas o mandato de uma presidenta, mas o direito sagrado conquistado pelos brasileiros de escolher seus representantes democraticamente pelo voto direto. A história haverá de julgar este momento”.
– Camilo Santana, governador do Ceará

"A sociedade está vendo que todo esse processo não passa de uma grande farsa, uma grande mentira. Com pretexto de combate à corrupção e das tais pedaladas que todo mundo sabe que não são motivo pra impeachment, tiram do poder uma presidenta democraticamente eleita por 54 milhões de pessoas e promovem um golpe no nosso País, em pleno 2016”.
– Chico Lopes, deputado federal (PCdoB-CE)

“É lamentável o que aconteceu e é lamentável ver determinados senadores defendendo um impeachment, quando nós sabemos quem são esses senadores, o histórico deles. Foi um impeachment comandado pelo Eduardo Cunha, que não foi e nem sabemos se será julgado. Infelizmente, não acredito que vá resolver a situação econômica do País, nem política. Estamos num labirinto político”.
– Wolney Oliveira, cineasta

“Eu sou de uma geração que passou por todos esses processos não eleitorais. Sou uma pessoa já traumatizada. E mais uma vez ocorre isso, que, como cidadão, não consegue me convencer. O mais absurdo de tudo é olhar na televisão e ver um conjunto enorme de pessoas com problemas de processos e tantas coisas comprovadas contra elas e, em total liberdade, vociferam contra uma pessoa, cujo crime não ficou claro. Minha fidelidade é aos princípios democráticos. E, assim, vejo como uma situação surrealista. É muito estranho. Eu fico um pouco impressionado com a situação e observo com perplexão. É, perplexão é a palavra que melhor resume meu sentimento”.
– Fausto Nilo, arquiteto, urbanista e compositor