O preço da guerra na Colômbia

Depois de meio século de conflito armado na Colômbia, pode-se afirmar que as consequências negativas para o povo colombiano são incontáveis. Desde despejos forçados até inúmeras perdas humanas. Além disso, a guerra também tem um altíssimo custo financeiro para o país. Estes recursos poderiam ser investidos em outras áreas, como educação, saúde e infraestrutura, a fim de melhorar a vida dos cidadãos locais.

Paramilitares da Colômbia - Wikicommons

Segundo dados do Banco Mundial, a Colômbia é o pais da América Latina que mais gasta com aparato militar. De acordo com uma investigação feita pelo ex-vice-ministro de Minas, Diego Otero, durante os últimos 52 anos, a guerra custou aproximadamente 179 bilhões de dólares. Isso coloca o país entre os dez que mais investem em guerra no mundo.

Neste estudo foi considerado apenas o dinheiro utilizado pelo Estado colombiano, sem contar os recursos utilizados por outros atores do conflito, como as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exercito do Povo) ou o Exército de Liberação nacional (ELN).

O estudo mostrou que o Exército da Colômbia é o segundo maior do continente, perde apenas para o do Brasil. Mas, se não fosse a guerra, o país não precisaria investir tanto em contingente bélico.
O período em que mais se gastou recursos públicos com a guerra foi durante os anos 90, quando o conflito se intensificou. Os presidentes que mais investiram em estrutura bélica foram os de extrema direita Andrés Pastrana e Álvaro Uribe (que hoje defendem a continuidade do conflito).

Sem o conflito, a economia cresceria

Outro estudo, realizado pelo Programa de Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) e pelo Centro de Recursos para Análises de Conflio (Cerac), identificou que o PIB da colômbia duplicaria a cada 8,5 e meio e não a cada 18,5 como tem acontecido.

Já o estudo de Custos Econômicos e Sociais do Conflito na Colômbia, divulgado pela Universidade dos Antes, mostrou que o país perde 4,4% de seu PIB todos os anos devido à guerra.

“Dado que a taxa de crescimento anual da Colômbia entre 2000 e 2009 foi de cerca de 3,8%, o conflito armado custa ao país mais de 100% de sua taxa de crescimento anual”, diz o estudo.

Plebiscito para a paz

Depois de décadas de complexas negociações entre o Governo e as Farc para alcançar a paz, finalmente as duas partes chegaram a um acordo. Agora este documento que estabelece o fim de 52 anos de conflito será votado pela população colombiano em um plebiscito a ser realizado no dia 2 de outubro deste ano. Se aprovado, será encaminhado ao Congresso para validação.

Depois disso, as Farc terão 180 dias para fazer uma transição integral à vida civil, sem armas. E o Estado também não poderá mais atacar a guerrilha.

Mesmo depois destes 52 anos de perdas incontáveis para o país, há setores (bastante reacionários) que defendem o “não” no plebiscito. Ou seja, a continuidade da guerra. O líder deste movimento é o ex-presidente Álvaro Uribe.

Pelo “sim” estão unidos os setores da esquerda, artistas, intelectuais, figuras públicas e atletas. De acordo com uma pesquisa realizada entre os dias 26 e 31 de agosto pela empresa Cifras e Conceptos, 62% da população apoia o acordo de paz, e 28% é contra.