Davidson Magalhães assume a presidência do Comitê Estadual do PCdoB
O Comitê Estadual do PCdoB na Bahia tem um novo presidente. Durante a reunião do pleno do Partido, que aconteceu neste sábado (12/11), em Salvador, o até então vice-presidente, Davidson Magalhães, foi escolhido por unanimidade para assumir a presidência estadual, sucedendo o presidente Daniel Almeida.
Publicado 12/11/2016 23:12 | Editado 04/03/2020 16:14
A indicação do nome de Davidson para o posto já havia sido feita durante a última Conferencia Estadual do PCdoB na Bahia, no ano passado, com o acerto de que a efetivação só seria feita na primeira reunião após as eleições municipais. Geraldo Galindo, atual secretário estadual de Comunicação, foi eleito para vice-presidente.
Ao anunciar a sucessão, o presidente Daniel Almeida disse que sai com o sentimento de dever cumprido e de gratidão ao coletivo do Partido pela colaboração e solidariedade durante o mandato. Na ocasião, ele também ressaltou as qualidades de Davidson.
“Fazemos essa alternância com muita segurança, ao colocar o Partido nas mãos de Davison Magalhães, pela capacidade que ele tem, pelos compromissos que ele tem com o PCdoB. Ele tem uma história na vida partidária, seja na sua passagem como secretário de Organização, seja como vice-presidente, atuando sempre de maneira intensa”, defendeu Daniel Almeida.
Davidson Magalhães, ao se dirigir aos militantes e dirigentes partidários comunistas já como presidente, fez um apelo e uma conclamação. “Preparemos o partido para esse novo momento. Nós precisamos nos mobilizar para enfrentar essa agenda regressiva e continuar sendo a principal força socialista do Brasil. Vamos juntos construir um PCdoB vivo, forte e presente na vida política do País”.
[Assista aqui a primeira entrevista de Davidson presidente]
Com as mudanças, o Secretariado Estadual vai analisar, a partir de agora, a conveniência de eventuais alterações no sistema de direção em vigor, e, caso conclua por mudanças, levará o debate para discussão e deliberação da Comissão Política e do Comitê Estadual.
O encontro aprovou ainda um documento da Comissão Política Estadual de balanço das eleições municipais deste ano. Leia a íntegra do documento abaixo:
Resolução sobre o balanço do processo eleitoral
1-As eleições municipais de 2016 ocorreram após um golpe institucional que pôs fim ao ciclo político iniciado em 2003. As forças conservadoras derrotaram o campo democrático popular. Houve acelerado avanço do conservadorismo, com forte crescimento eleitoral das legendas que capitanearam o golpe, em especial o PSDB. Cresceram ainda o PSD e outros partidos do chamado “centrão”. Houve um pesado revés político-eleitoral do PT.
2-Em meio a esse cenário, o PCdoB obteve resultado modesto, mas relevante, sobretudo devido à destacada vitória no estado do Maranhão. Disputamos, ainda, o segundo turno em Aracajú (SE) e Contagem (MG), além do apoio conferido a aliados em outras cidades.
3-Na Bahia, a coalizão que governa o estado foi vitoriosa em 272 municípios – a ampla maioria das cidades baianas. Esse dado não deve ser menosprezado, na medida em que demonstra a força política desse campo. Destacam-se o crescimento do PSD, que saltou de 69 para 82 prefeituras, e o significativo decréscimo do PT, que venceu em 39 cidades – 53 a menos do que em 2012. Na oposição, o DEM, PMDB e PSDB, partidos nucleares do campo conservador, elegeram 105 prefeitos, além de terem alcançado vitórias de grande relevância na maioria das grandes cidades.
4-A consequência imediata desses resultados consiste na consolidação de dois campos políticos diametralmente opostos. O primeiro, de centro-esquerda, liderado pelo governador Rui Costa; e o outro, de direita, cuja liderança é exercida pelo prefeito de Salvador, ACM Neto. Essa conformação antecipa, em grande medida, o cenário em que ocorrerão as eleições de 2018.
5-Por seu turno, o PCdoB elegeu 12 prefeitos e 208 vereadores (um prefeito e 14 vereadores a menos do que nas eleições passadas), além de 18 vice-prefeitos. Considerando o contexto desfavorável, trata-se de um resultado expressivo.
6-As 51 candidaturas majoritárias do Partido obtiveram 425.691 votos, um crescimento de 51,2% em relação ao desempenho da eleição passada, quando as 46 candidaturas do PCdoB conquistaram aproximadamente 280 mil votos. Ao todo, 428 mil baianos serão governados por prefeituras lideradas pelo PCdoB.
7-Na disputa proporcional, a legenda comunista recebeu 373.568 votos, número levemente superior ao das eleições anteriores, quando obtivemos 366 mil votos. Por este critério, o PCdoB foi o sétimo partido mais votado do estado.
8-Lançamos candidaturas próprias em cinco das seis cidades baianas com mais de 200 mil habitantes: Salvador, Vitória da Conquista, Camaçari, Itabuna e Juazeiro. Em Feira de Santana, indicamos o candidato a vice-prefeito na chapa liderada pelo deputado estadual Zé Neto (PT). Com isso, o PCdoB ampliou, consideravelmente, seu protagonismo, combinando ousadia no projeto eleitoral com responsabilidade com o campo progressista que compomos.
9-Em Salvador, o prefeito ACM Neto (DEM) alcançou uma vitória expressiva. Considerando o resultado na capital e no plano estadual, o oligarca saiu fortalecido desse processo.
10-Pela primeira vez, o PCdoB apresentou candidatura própria na capital. A nossa campanha, liderada pela deputada federal Alice Portugal, adotou uma tática correta e politizada. Não nos abstivemos em pautar corajosamente o cenário nacional – representando a frente antigolpista nessa disputa –, apresentamos propostas viáveis para a cidade e promovemos a crítica ao modelo truculento e antidemocrático do projeto carlista. Encabeçamos uma ampla aliança, apoiada pelo governador Rui Costa e que reuniu, além do nosso partido, o PT, o PSD, o PSB e o PTN. Enfrentando um prefeito bem avaliado, um forte cerco midiático e a grave ofensiva conservadora, alcançamos 14,55% dos votos, equivalentes a 193 mil eleitores – o segundo melhor desempenho do Partido entre as capitais. Além disso, conseguimos manter as duas cadeiras comunistas na Câmara dos Vereadores. O resultado projeta o PCdoB e suas lideranças na capital baiana.
11-Em Juazeiro, reside o nosso maior êxito, proveniente da terceira vitória consecutiva da coalizão liderada pelo PCdoB, com a eleição de Paulo Bonfim para a prefeitura, com 40,2% dos votos. Registre-se, ainda, o bom desempenho do Partido nas eleições proporcionais (elegemos quatro vereadores) e o fortalecimento do protagonismo do PCdoB no plano regional, além da expressiva liderança exercida pelo prefeito Isaac Carvalho.
12-Na cidade de Vitória da Conquista, a campanha do deputado estadual Fabrício alcançou 7,01% dos votos na primeira eleição em que o PCdoB liderou uma chapa majoritária. Considerando as condições adversas, trata-se de resultado representativo. Nesse segundo turno, reafirmamos a posição do Comitê Municipal desta cidade em seu apoio a Zé Raimundo (PT).
13-Em Camaçari, destaca-se o retorno do PCdoB à Câmara dos Vereadores após 24 anos. Entretanto, na disputa majoritária conquistamos apenas 2,24% dos votos, consequência, em grande medida, da polarização ocorrida entre as candidaturas do PT e do DEM, com vitória desta última. Ainda assim, a nossa candidata, Jailce Andrade, destacou-se ao longo do processo eleitoral.
14-O resultado do PCdoB em Itabuna não correspondeu às potencialidades e à força do Partido nesta cidade – onde nosso candidato, Davidson Magalhães, obteve uma votação menor do que a de deputado federal. Ainda assim, a nossa campanha conseguiu reunir uma ampla frente de partidos e apresentou-se positivamente no processo eleitoral. Conquistamos um bom saldo na eleição proporcional, tendo sido a legenda mais votada, e asseguramos duas representações na Câmara.
Registre-se que, em decorrência de pendências judiciais envolvendo o candidato mais votado, o cenário em Itabuna ainda não obteve um desfecho.
15-Considerando as 17 cidades com mais de 100 mil habitantes, alcançamos relativa estabilidade em nossa votação em relação às eleições passadas, com destaque positivo para o retorno do PCdoB às Câmaras Municipais de Porto Seguro, Teixeira de Freitas e Lauro de Freitas. Por outro lado, experimentamos graves revezes em Simões Filho, Alagoinhas e Paulo Afonso – onde deixamos de ter representação na Câmara – e Barreiras, cidade em que, apesar de eleger um vereador, tivemos considerável declínio em nosso desempenho.
16-Em Feira de Santana, além de ficar de fora da Câmara, perdemos cerca de 80% do nosso eleitorado em relação às eleições de 2012, e obtivemos apenas 836 votos nas eleições proporcionais, o equivalente a 0,28% do total. Nesta cidade, uma avaliação pormenorizada sobre as insuficiências deverá ser feita, em conjunto com o Comitê Municipal, no sentido de indicar medidas a serem tomadas com o intuito de superar as limitações.
17-Em meio a graves adversidades relacionadas com o cenário político, o PCdoB obteve resultados eleitorais significativos, de modo que consideramos como exitosa a tática adotada. Indicamos, ainda, que os Comitês Municipais se reúnam para discutir e apresentar um balanço sobre o desempenho do Partido em cada cidade.
18-Nos municípios que serão governadas pelo PCdoB ou onde nosso Partido jogará papel na administração municipal, esperamos contribuir para a realização das aspirações do povo, através de gestões populares e democráticas, com o fito de obter novas conquistas.
19-O PCdoB reafirma seu apoio à coalizão liderada pelo governador Rui Costa. Salientamos a importância de assegurar a sua unidade e coesão, para as quais envidaremos todos os esforços, sempre movidos pela assertiva de que amplitude e radicalidade não se excluem. A disputa que se avizinha será dura, mas confiamos que o campo progressista será vitorioso e manterá na Bahia uma forte trincheira de resistência democrática.
20-Os setores conservadores e golpistas, vitoriosos no pleito eleitoral, intensificam a ofensiva na implantação de uma agenda regressiva que atacam as políticas sociais, os direitos dos trabalhadores e os interesses nacionais. Reforçar a unidade e ampliar as forças e a mobilização contra a agenda reacionária do governo Temer é uma das tarefas centrais deste novo momento político.
De Salvador,
Erikson Walla