Guadalupe Carniel: À cubana

Diego Maradona lamentou a morte de Fidel como se fosse seu pai. O líder da Revolução Cubana faleceu aos 90 anos na última sexta-feira (25). Segundo Maradona “Morreu meu amigo, meu confidente, o que me aconselhou, aquele que me chamava a qualquer hora para falar de política, de futebol e baseball.” Diego leva uma tatuagem de Castro na perna esquerda.

Por Guadalupe Carniel*

Futebol Fidel Castro

Não era para menos. Os dois se conheceram em 1986, quando após ganhar a Copa do Mundo, Maradona foi à Cuba. Os dois têm muito em comum: mesma posição política, polêmicos em suas declarações e atos tentando tocar nas feridas dos grandes, como FIFA e Estados Unidos, muitos os santificam e outros os demonizam.

O ápice dessa relaçao aconteceu em 2000, quando el Pibe estava à beira da morte, pesando mais de 100 quilos. Me lembro que quando o vi chegando de ambulância ao hospital mal podia acreditar que era aquele jogador que eu adorava ver jogar. Foi internado com parada cardíaca e os médicos e seus fiéis acreditavam que era o fim. Começaram vigílias diante do hospital.

Após convite de Fidel e uma longa briga com a família, os médicos conseguem transferi-lo para Cuba, onde Diego foi internado numa clínica para desintoxicação de drogas. Quando ele reapareceu estava visivelmente melhor e mais magro. Mas algo não mudou: não deixou o espírito de pibe de lado.

Todos sabem que Fidel Alejandro Castro Ruz adorava esportes e, como todo cubano, era fã declarado de beisebol. Ele chegou a jogar esse esporte, basquete e outras modalidades, mas o que poucos sabem é que ele também chegou a jogar bola regularmente como atacante, correndo bastante.

Segundo Castro falou, próximo ao seu aniversário de 80 anos, para a imprensa cubana “O futebol me ajudou a ter vontade, exercer minha capacidade de resistência física, me deu prazer, satisfação, espírito de luta e competência”.

Em 1942, passou a cursar a escola secundária em Belém, perto do bairro de Puentes Grandes, que tem o estádio La Polar e conhecido por ser futeboleiro. Um padre foi visitar a escola para escolher três crianças dessa escola para participarem da Liga Intercolegial Havanera, pela equipe de Belém, dentre eles Fidel Castro.

Uma das pouquíssimas fotos dele como jogador de futebol foi tirada quando a equipe jogou contra a Casa Beneficencia y Maternidad num estádio que era um verdadeiro "potrero", sem grama, pequeno. Venceram por 4 a 0. Se Fidel marcou, não se sabe. O pouco que se sabe é de um dos rapazes, Montes de Oca, que jogou aquela partida, definiu o Fidel jogador como “musculoso, forte e sobretudo, muito bravo”. E como a vida imita o futebol e vice-versa, o líder poderia muito bem ser definido assim fora de campo.