Arruda Bastos: Você vai se arrepender de levantar a mão para elas

“O problema da discriminação das mulheres não fica só no campo da violência, o que já é muito grave. Para enfrentar, devemos reagir, denunciar e usar a lei. Entretanto, ela vai além, abrange outras áreas importantes como salários inferiores, pouca representação política, cargos de direção de empresas e governos que são ocupados de forma majoritária por homens. Devemos atuar em todas as fronteiras dessa desigualdade”.

Por *Arruda Bastos

Mulheres são maioria entre os eleitores em Pernambuco - Divulgação

Mulheres são iluminadas e devem ser respeitadas, valorizadas e amadas. Não devemos admitir qualquer tipo de discriminação ou violência, por menor que sejam. Agressão nem com pétala de rosa, pois tanto com as mulheres quanto com as rosas não se permitem tal desfeita. Sou radical e para quem ousar levantar a mão para elas de imediato respondo com duas atitudes: uma ligação de denúncia para o “180” e a aplicação mais severa da Lei Maria da Penha.

Infelizmente, ainda vivemos em uma sociedade eminentemente machista. Como consequência, a mulher é, muitas vezes, discriminada no trabalho, nas relações domésticas e na política. O fato é lamentável e deve ser combatido com muita energia. Avançamos, mas temos ainda muito que caminhar, principalmente no Brasil, que lamentavelmente é símbolo internacional da violência contra a mulher.

Pertenço a uma família majoritariamente feminina: são seis irmãs, das quais cinco mais velhas; a gestação em que fui gerado foi gemelar e convivi nove meses com uma linda “vizinha de útero”; tenho quatro filhos, três são belas e inteligentes mulheres. Portanto, conheço bem o universo feminino, sei do seu valor, força e da luz que representam. Elas devem ser sempre tratadas com igualdade e carinho.

Nessa semana comemoramos mais um Dia Internacional da Mulher. Sei que muitos de forma hipócrita e com desfaçatez homenagearam suas divas e logo depois, com o cair da rotina, voltaram a discriminá-las. Devemos aproveitar esse momento para debater as causas de tão infame atitude e encaminhar soluções na busca de enfrentar essa chaga da nossa sociedade. O dia da mulher deve ser todos os dias.

O problema da discriminação das mulheres não fica só no campo da violência, o que já é muito grave. Para enfrentar, devemos reagir, denunciar e usar a lei. Entretanto, ela vai além, abrange outras áreas importantes como salários inferiores, pouca representação política, cargos de direção de empresas e governos que são ocupados de forma majoritária por homens. Devemos atuar em todas as fronteiras dessa desigualdade.

Se você não é como eu, um defensor da igualdade entre os sexos, aproveite o momento para fazer uma reflexão, um exame de consciência e mudar de atitude. Com essa nova postura, corrigiremos erros históricos com os quais ainda convivemos. Todos lucraremos com isso e, principalmente, a nossa sociedade, que necessita tanto de justiça, da força e da inteligência das mulheres.

Nessa minha pequena homenagem, transcrevo um trecho da música de Elza Soares, intitulada “Maria de Vila Matilde”:
“Cadê meu celular? / Eu vou ligar pro 180 / Vou entregar teu nome / E explicar meu endereço / Aqui você não entra mais / Eu digo que não te conheço / E jogo água fervendo / Se você se aventurar / Cê vai se arrepender de levantar a mão pra mim”. Uma em cada 03 mulheres no mundo são vitimas de violência, estupro ou tortura. Não se cale!!

Concluo dizendo que Mulher que dá à luz, que conduz à luz e é luz nunca deve deixar de brilhar!


*Arruda Bastos é médico, professor universitário, ex-secretário da saúde do Ceará, escritor, radialista e um intransigente defensor das mulheres e da igualdade de gênero.

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