Lorena Brito: 8 de março de (um) 2017 de luta!

"E ainda há quem pergunte por que precisamos dos feminismos. Precisamos para não precisar lembrar que precisamos ter direito à liberdade, ao prazer, à segurança e à vida. Porque vivemos em uma sociedade desigual nas relações de gênero e que ainda persegue mulheres feministas. Porque temos direitos garantidos por lei que não são plenamente implementados”.

Por *Lorena Brito

feminismo

Dia Internacional das Mulheres. Já dissemos muito e ainda temos muito a dizer e lutar, pois, mesmo com tamanha visibilidade, ainda é urgente falar sobre liberdade dos corpos, diversidade, direitos. É urgente lembrar que esperamos além das flores, respeito e uma vida sem violência.

É inspiradora a quantidade de campanhas pelo direito das mulheres. Fóruns ativos de discussão e de solidariedade. Fortalecimento de ações nas ruas pelo fim da cultura de estupro. Mexeu com uma, mexeu com todas! Mais pessoas falando sobre feminismos e muitas mulheres, em diferentes lugares, experimentando esse plural e complexo movimento.

Contudo, segundo a ONU, em 2015 a cada hora cinco mulheres foram mortas por parceiro ou familiares, e no Ceará foram registradas 5.012 denúncias, com uma média de 1,1 agressão por hora. Em 2014, o Fórum de Segurança Pública brasileiro registrou 47,6 mil casos de estupro (a cada 11 minutos alguém foi estuprado). Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) apontam que apenas 10% das vítimas desse tipo de crime prestam queixas à polícia. Penso nas mulheres que vivem nas ruas, nas prostitutas, nas pessoas abaixo da linha da pobreza, bem como com condições de vida privilegiada, que não estão nas estatísticas.

E ainda há quem pergunte por que precisamos dos feminismos. Precisamos para não precisar lembrar que precisamos ter direito à liberdade, ao prazer, à segurança e à vida. Porque vivemos em uma sociedade desigual nas relações de gênero e que ainda persegue mulheres feministas. Porque temos direitos garantidos por lei que não são plenamente implementados.

A Lei Maria da Penha completou 10 anos em 2016, popularizando a compreensão da violência como um crime; contudo, sua efetivação ainda é um desafio e gera desconforto. E ainda temos violações invisíveis e naturalizadas em meio à cultura machista disfarçada por um mito de liberdade sexual.

*Lorena Brito é doutoranda em Psicologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC)

Opiniões aqui expressas não refletem necessariamente as opiniões do site.