Venezuela acusa presidente da OEA de intervenção e violação de normas

A ministra das Relações Exteriores da Venezuela, Delcy Rodríguez, denunciou nesta segunda-feira (27) na sede da OEA (Organização dos Estados Americanos), as "graves ações intervencionistas" do secretário-geral do organismo, Luis Almagro, e de "uma facção minoritária de países da região" contra o governo venezuelano. A chanceler, em nome do presidente venezuelano Nicolás Maduro, também acusou Almagro de violar normas da organização.

Almagro e Delcy Rodriguez - Efe

"Não me equivoco quando afirmo que o senhor Almagro é um mentiroso, desonesto, malfeitor e mercenário" que "dedicou sua gestão a agredir obsessivamente a Venezuela e seu povo", disse Delcy, ao lado do secretário-geral, durante uma reunião extraordinária do Conselho Permanente da OEA. "Anunciamos que se persistirem estas agressões e perseguições contra a Venezuela tomaremos severas e definitivas ações", acrescentou.

"O Conselho Permanente busca abordar a situação da Venezuela sem contar com o consentimento do país. Foram violadas normas fundamentais da carta da Organização dos Estados Americanos", declarou a chanceler.

A sessão foi convocada a pedido do governo venezuelano e aconteceu na véspera de uma reunião programada no Conselho Permanente da OEA para "considerar a situação na Venezuela", após o pedido de 14 países-membros para que essa nação fixe um calendário eleitoral e liberte os políticos presos.

"Alertamos à comunidade internacional que não se deixe enganar sob a falsa máscara de que não se quer agredir a Venezuela, que só se quer discutir sobre a situação na Venezuela", alertou. Delcy criticou ainda os 14 países que assinaram na semana passada um "vergonhoso comunicado de teor altamente intervencionista" sobre a Venezuela, e lamentou que, junto a outras quatro nações, a reunião desta terça-feira tenha sido convocada "sem contar com o consentimento do país concernido".

Os países são Canadá, Argentina, Barbados, Bahamas, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Estados Unidos, Guatemala, Honduras, Jamaica, México, Panamá, Paraguai, Peru, Santa Lúcia e Uruguai.
"Almagro não atua sozinho nem por si próprio. É o condutor das ordens que lhe ditam desde esta cidade [Washington]", somado à "convivência de uma facção minoritária de países" membros da OEA, afirmou Rodríguez.

Seu discurso aconteceu, além disso, horas depois de o presidente do TSK (Tribunal Supremo de Justiça) da Venezuela, Maikel Moreno, pedir ao governo que solicite a remoção de Almagro da Secretaria-Geral da OEA, acusando-o de pretender "perpetrar agressões contra o povo" e a Constituição do país.