PCdoB-CE: Comissão Política discute crise e projeto para 2018

Com a participação do vice-presidente nacional do PCdoB, Walter Sorrentino, a Comissão Política estadual do Partido no Ceará realizou, no último sábado (20), sua reunião ordinária. Além da atualização do cenário político, com os recentes acontecimentos que mexeram com o país e trazem consigo consequências ainda imprevisíveis, os comunistas iniciaram os debates acerca do projeto eleitoral do Partido para 2018.

PCdoB-CE: Comissão Política discute crise e projeto para 2018

O encontro também avaliou e atualizou o plano de estruturação partidária no Ceará, que envolve o crescimento das fileiras partidárias, a organização dos filiados em bases, a regularização da contribuição financeira e a formação política e ideológica, entre outros aspectos, preparando o coletivo para a realização do 14º Congresso, que será realizado no segundo semestre deste ano.

Walter Sorrentino iniciou sua intervenção destacando que os representantes do Comitê Central do PCdoB têm percorrido o país para ouvir e conhecer a realidade local dos Estados, principalmente diante desta dinâmica e complexa realidade política. O dirigente comunista destacou sua participação no debate realizado na última sexta-feira (19), também na capital cearense, e ratificou: “Temos que garantir duas grandes tarefas: mobilizar o povo para ocupar as ruas e fomentar a construção de uma frente ampla. Esta situação de grandes incertezas, indefinições e imprevisibilidade, com crise política e institucional agravada com o impeachment da presidenta Dilma, não será resolvida sem o envolvimento de uma sociedade pacificada”, considera.

O dirigente comunista citou a resolução do PCdoB, aprovada em reunião ampliada do Comitê Central do Partido, realizada dos dias 31 de março a 2 de abril, em São Paulo. “Apesar de ela ser muito consistente e apontar saídas para o país, já estamos adensando e atualizando este material para o nosso 14º Congresso. Vamos acrescentar novos pontos, pois o resultado deste encontro é o documento em quem o Partido propõe para o Brasil e deverá nos nortear pelos próximos quatro anos”, pondera.

Dentro desta atualização, Sorrentino considera reavaliar o país após os recentes acontecimentos, em especial as denúncias feitas pelos donos da JBS envolvendo o presidente Michel Temer (PMDB), que estarreceram a nação e implodiram o governo golpista. “Nesta crise aguda, surge também o momento de ampliar ainda mais transformar a resistência. Ao longo dos últimos meses, temos acumulado forças, embora insuficientes. Este cenário poderá tornar-se o detonador que transformará nossa resistência em contra-ofensiva, com organização, mobilização e empenho, para trazer o povo para o nosso lado em defesa de Diretas Já”, defende.

Além do povo nas ruas, o outro caminho é garantir a unidade de uma frente ampla, que reúna diversos setores democráticos, progressistas e populares. Para o dirigente comunista, “não é mais tempo de pensar em quem é golpista e quem não é. Isso seria olhar a política pelo retrovisor. Qualquer pequeno avanço será importante para garantir a democracia e o direito do povo brasileiro. Devemos conversar mais com as pessoas, realizar debates, ouvir o trabalhador na porta da fábrica, dialogar com a juventude, com a intelectualidade; tudo isso para ontem. Temos muito mais a fazer, além de ocupar as ruas”, estimula.

O vice-presidente do PCdoB destaca ainda a necessidade de que, para apontar saídas, é preciso entender o que aconteceu, por que e quem está no comando deste consórcio que fomentou o impeachment e alimentou a crise. “Não nos iludamos: eles querem consumar o Golpe e impedir uma eventual candidatura de Lula. A lógica deste movimento é arrasar o sistema político para que, dessas cinzas, nasça nova alternativa para a campanha presidencial, que represente um ciclo hegemônico e prolongado destas forças e instituir um regime de natureza neoliberal e autoritária”, avalia Sorrentino.

Diante deste processo de desconstruir a política, considera, a estratégia visa se espalhar para tudo e todos, com foco em emplacar para 2018 um candidato que esteja longe deste perfil político. “Tendencialmente, eles querem fazer emergir a anti-política, por isso temos que permanecer em alerta. Neste contexto eles ainda têm mais força e só a rua pode virar este jogo e fazer com que o sentimento nacionalista, que parece estar adormecido, volte a ecoar”, defende.

Para Sorrentino, a agenda parlamentar neoliberal neste momento, pós-delações, está paralisada. “Uma, ao contrário, toma força: a Reforma Política, com sua cláusula de barreiras, financiamento público de campanha e voto em lista fechada. Vivemos incertezas e imprevisibilidades, mas urge a necessidade de mais debate acerca deste tema que pode colocar em xeque a nossa sobrevivência política”, pondera.

Ainda sobre a atualização da resolução política do Partido, o dirigente destaca a consciência dessas ameaças que podem comprometer as ações do PCdoB, como a importância de garantir uma maior e melhor estruturação partidária e a contribuição militante. “Estamos em meio a uma pressão de arrebentar os partidos, caminhamos no contra-fluxo da correlação política neste novo ciclo político. Devemos, diante desta nova realidade, focar também na construção partidária, voltados a aspectos diversos, inclusive de reposicionamento político e também das inserções sociais. Vivemos tempos de grandes dificuldades e medidas estratégicas de reorganização devem ser encaradas com seriedade. As coisas acontecem de forma muito veloz e os comunistas, como sempre estiveram, devem estar preparados para os inúmeros desafios”, defende.

Ceará em foco

Luis Carlos Paes de Castro, presidente estadual do PCdoB-CE, salientou que a reunião da Comissão Política, com a presença do vice-presidente nacional, dá continuidade à decisão da última reunião ordinária do Comitê Estadual que criou o Grupo de Trabalho Eleitoral (GTE), tendo em vista a batalha de 2018. “O grupo já se reuniu e desenvolve suas ações visando auxiliar a direção estadual na construção coletiva de um projeto que ajude o Partido a continuar acumulando forças no Ceará”, ratifica.

O comunista destaca que, apesar das dificuldades a nível nacional, a realidade apresenta-se diferente nos Estados. “Claro que o quadro nacional tem impacto em todos os Estados, mas cada um carrega suas especificidades locais”. Paes apresentou o quadro político estadual com suas mudanças pós-eleição de 2016, incluindo o reposicionamento de forças políticas relativamente ao Governo do Estado. O PCdoB, que mantém sua aliança com o atual governo, busca construir um projeto que permita que a legenda continue crescendo.

“Precisamos reconquistar nossa segunda vaga na Câmara dos Deputados, ampliar a nossa representação na Assembleia Legislativa e buscar uma participação relevante na chapa majoritária, conforme estabelecido em nosso plano político, já aprovado. Para isso, é necessário que o conjunto das lideranças do Partido no Ceará se envolvam e se comprometam com esse projeto coletivo. Se todos os nossos parlamentares, prefeitos e vices, lideranças dos movimentos sociais e toda nossa aguerrida militância se unirem em torno desses objetivos, não temos dúvidas, o projeto será vitorioso”, avalia Paes.

Ao longo do dia, várias intervenções ocorreram, realçando a necessidade do fortalecimento da luta pelo Fora Temer e pela realização de eleições diretas, pela intensificação das lutas sociais e pela necessidade de construção de um projeto eleitoral ousado. Tudo relacionado com a campanha de estruturação partidária e a realização de uma exitosa Conferência Estadual, em preparação ao 14º Congresso em novembro.