EUA ameaça quem votar na ONU contra decisão sobre Jerusalém

A embaixadora dos EUA nas Nações Unidas, Nikki Haley, avisou os países-membros do organismo que Donald Trump irá acompanhar "cuidadosamente" a votação prevista para quinta-feira (21) sobre o reconhecimento norte-americano de Jerusalém como capital de Israel

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Um dia antes da sessão de emergência da Assembleia Geral das Nações Unidas, prevista para quinta-feira (21), sobre a decisão recente dos Estados Unidos de reconhecerem Jerusalém como capital de Israel, Nikki Haley enviou uma carta, em tom de ameaça, aos países-membros, avisando que o presidente norte-americano irá acompanhar de perto a votação.

"Enquanto ponderam a votação, quero que saibam que o presidente e os EUA encaram esse voto de forma pessoal", lê-se na carta, citada pela Reuters. "O presidente irá seguir essa votação com muita atenção e pediu-me que o informasse sobre os países que votarem contra nós. Tomaremos nota de cada voto", acrescenta.

Também na terça-feira (19), a embaixadora norte-americana na ONU usou a sua conta no Twitter para veicular uma mensagem de teor semelhante: "na quinta-feira (21), haverá uma votação que critica a nossa escolha. Os EUA irão apontar nomes".

De forma controvérsa, os Estados Unidos se proclamam defensores da liberdade de expressão e da democracia. 

O Ministério israelita das Relações Exteriores deu instruções às suas embaixadas para que pressionem os países para que se oponham à resolução que será apresentada na quinta-feira (21) na Assembleia Geral das Nações Unidas – ou, pelo menos, não a apoiem –, indica a PressTV.

Veto no Conselho de Segurança

A sessão de emergência sobre o reconhecimento norte-americano de Jerusalém como a capital de Israel foi solicitada por países árabes e muçulmanos, depois dos EUA terem usado o seu poder de veto para bloquear um projeto de resolução, apresentado pelo Egito na segunda-feira (18), no Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU).

Os EUA vetaram o projeto e votaram sozinhos, na medida em que os outros 14 membros do CSNU se posicionaram a favor de uma resolução que defendia que quaisquer "decisões e ações que pretendam alterar o caráter, o estatuto ou a composição demográfica" de Jerusalém "carecem de efeito legal, são nulas e devem ser refutadas, de acordo com as resoluções pertinentes do Conselho de Segurança".

A embaixadora dos EUA considerou a votação um "insulto" para os Estados Unidos e uma "vergonha" para o CSNU.

A decisão anunciada por Washington, no dia 6 de dezembro, sobre o reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel e sobre a mudança da embaixada de Tel Aviv para a cidade Santa ocupada causou fortes críticas à administração norte-americana a nível internacional e esteve na origem de manifestações contra os Estados Unidos e Israel em vários pontos do mundo.

Nos territórios palestinos da Margem Ocidental ocupada, de Jerusalém Leste e da Faixa de Gaza cercada, as forças israelitas têm reprimido os protestos com grande violência, provocando pelo menos dez mortos e centenas de feridos.