Macri defende repressão policial e diz que país está "em clima de paz"

Presidente argentino celebrou aprovação da reforma da previdência e criticou onda de protestos que vêm acontecendo no país; medida foi aprovada na manhã de terça-feira (19). Macri justificou a repressão policial argumentando que os agentes estavam fazendo o seu trabalho e que estão sempre a serviço da comunidade 

Macri em pronunciamento - Página 12

O presidente, ainda na terça-feira (19), afirmou que a violência registrada do lado de fora do Congresso foi "claramente orquestrada" e disse que o país vive "clima de paz", apesar da revolta da maioria da população que reprovou o projeto da Reforma da Previdência e se posicionou contra a sua aprovação pelos deputados. 

“Sei que o que vimos e o que vivemos gerou angústia em muitos argentinos. Eu creio na paz, creio no diálogo, creio na democracia”, afirmou o presidente. Segundo ele, “toda essa violência que vimos – claramente orquestrada -, nós vamos enfrentar com toda a Justiça, para entender quem foram os responsáveis, pois não foi espontâneo. Realmente, na Argentina hoje se vive um clima de paz”.

A série de protestos contra a reforma deixou ao menos 162 pessoas feridas entre manifestantes e policiais, informaram autoridades do país.

O presidente criticou a violência contra os policiais durante os confrontos, pedindo que as forças de segurança do país sejam respeitadas. “Os policiais também são argentinos, tem suas famílias, estão trabalhando a serviço da comunidade”, afirmou. Macri, no entanto, não mencionou abusos cometidos pelas forças policiais.

Reforma da previdência

A aprovação da reforma, que aconteceu pouco depois das 7h (hora local) da terça (19) na Câmara dos Deputados da Argentina, contou com 128 votos a favor da reforma, 116 contra, além de duas abstenções. O presidente celebrou a medida e afirmou que aprovação mostra “que a democracia funciona na Argentina”, apesar da insatisfação dos cidadãos. "As mudanças geram incomodo, mas são necessárias" disse Macri respondendo aos protestos. 

Macri afirmou que o principal motivo da aprovação da medida é, a longo prazo, criar “uma fórmula que nos livre do pior mal que se pode sofrer, que é a inflação, contra a qual estamos lutando”.
Segundo o presidente, as mudanças sociais que os argentinos, de acordo com ele, esperam não podem acontecer de um dia para o outro. “Isso seria mágica e eu sempre disse que não fazia mágica. O que eu propus foi uma linha de trabalho e estou cada vez mais convencido de que é por essa linha de trabalho que iremos adiante”, afirmou.

A Reforma proposta é uma lei completamente neoliberal que vai contra os aposentados, mas favorece os setores mais ricos da sociedade argentina. Em carta para Cristina Kirchner, Carlos Zannini citou as consequencias das reformas propostas pelo atual governo: "atraso para a Pátria e sofrimento para o povo, como em todas as vezes em que o governo esteve nas mãos da oligarquia empresarial".

O governo argentino decidiu abaixar os impostos das classes mais abastadas, favorecendo-os, contudo abaixando os benefícios sociais das classes mais vulneráveis, justificando tal ação com o argumento de que as reformas são necessárias para encaminhar o país para um futuro melhor. 

Desde que Macri chegou ao poder, pelo menos um milhão e meio de argentinos retornou à pobreza. Seis milhões passam fome, 2 milhões e setecentos mil estão em situação de indigência e 1 milhão e quinhentos são considerados novos pobres, segundo dados da Universidade Católica Argentina. 

O presidente sinalizou também outras reformas estarão pela frente. “Serão muitas as reformas que teremos que fazer para criar a Argentina que inclua a todos”. “Estou aqui como presidente de todos os argentinos com um único fim, que é ajuda-los a crescer. Quero que me julguem por poder ou não reduzir a pobreza”, afirmou. O desemprego aumentou e cerca de 23mil pessoas foram despedidas; o governo argumentou em defesa das empresas, dizendo que essas não conseguiram manter os funcionários durante a crise econômica.