Ocupa Palestra pelo direito de torcer
A partir da iniciativa de um grupo de torcedores do Palmeiras foi criado em dezembro de 2017, o movimento Ocupa Palestra, o bloqueio em torno da Arena do clube paulistano causou revolta nos palestrinos que logo se articularam para lutar contra mais esse ataque ao direito de torcer no Brasil.
Por Thiago Cassis
Publicado 22/03/2018 11:27
O centro da questão é a Rua Turiaçu, atualmente rebatizada como Rua Palestra Itália. Tradicional ponto de encontro dos palmeirenses, a rua agrega diversos bares, vendedores e torcedores, colorindo o ambiente e transformando a atmosfera do local em dias de jogos. Não a toa, no manifesto do movimento Ocupa Palestra lemos logo no início: “A Rua Turiaçu era muito mais verde do que a atual Rua Palestra Itália”.
Desde que a Arena foi construída, sob as ruínas do charmoso jardim suspenso, que era o antigo estádio Palestra Itália, muitos torcedores do clube reclamam da exclusão que sofreram devido ao processo de elitização, problema semelhante ao do rival Corinthians, que com ingressos caros e plano de sócio-torcedor, acabou por abrir um abismo entre as classes sociais dentro da torcida alviverde.
Desde então, muitos torcedores, sem condições de assistir as partidas do lado de dentro do estádio, passaram a se reunir em seu já antigo ponto de encontro para torcer para o Palmeiras. Mas logo, a proibição de transitar pela rua em dias de jogos, acabou com a única opção de muitos torcedores de estar mais perto de seu clube de coração.
Para Anna Olimpia, integrante do movimento Ocupa Palestra, “o objetivo central é acabar com o cerco, e para chegar nisso, estamos nos organizando dentro do nosso coletivo”. Ela aponta que a partir do diálogo com diferentes grupos de interessados em derrubar a absurda proibição de transitar pela rua do estádio, como comerciantes locais, o movimento acredita que pode acumular força para vencer a batalha.
Segundo Anna, “na parte da comunicação, estamos mapeando quem pode nos apoiar, como jornalistas por exemplo, e ir atrás dessas pessoas. Intelectuais, atletas, artistas, pessoas que defendem o direito a cidade também, estamos indo atrás de mapear essas pessoas para dar mais visibilidade ao movimento”, ela continua, “queremos construir aos poucos um movimento sólido, para ai sim avançarmos em determinadas articulações, até dentro da direção do próprio clube.”
Como diz o próprio manifesto “A cerveja, o lanche de pernil, os bandeirões, a batucada e o canto da torcida transbordavam o Parque Antártica para fora do limite concreto e dos 90 minutos. Permitia que mesmo quem não tivesse como pagar a entrada respirasse o ar do jogo”, e por tudo isso, a luta palestrina segue em frente, dessa vez não por uma taça, mas para apenas poder festejar.
“Futebol só é Cultura enquanto popular. O Palmeiras só é o Palmeiras se for com sua torcida. A Rua Palestra Itália só será Palestra Itália de fato quando tiver seu povo” – Manifesto Ocupa Palestra.