Comunistas condenam violência contra caravana de Lula

A violência dos ataques à caravana do ex-presidente Lula chegou ao ápice na terça-feira (27), quando dois ônibus foram atingidos por tiros quando deixavam o município de Quedas do Iguaçu (PR). Ninguém ficou ferido, mas o atentado evidenciou, na visão de parlamentares da bancada comunista, a perseguição que Lula vem sofrendo no país. Os parlamentares condenaram o que classificaram de “emboscada” e cobraram ação efetiva das autoridades.

Por Christiane Peres

Ataque caravana Lula - Reprodução da Internet

“Os autores dos disparos de ontem foram encorajados pela omissão conivente de autoridades policiais, que assistiram passivos às agressões dos dias anteriores. A esses repudiáveis eventos, somam-se o cruel assasínio da vereadora Marielle e outros recentes homicídios politicamente motivados que ocorreram recentemente no país. Isso é fascismo e com ele não se pode transigir, deve-se combater até o fim”, declarou o líder do PCdoB na Câmara, deputado Orlando Silva (SP).

Para a vice-líder da Minoria, deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), a vida de Lula está em risco. “O nome disso é emboscada. Colocaram pregos nos pneus para redução de velocidade para atingir o alvo. Quem era o alvo? O ex-presidente Lula. É esse o fascismo que estamos vivendo hoje e estamos denunciando. Lula está sob risco de vida. Foram violências crescentes: pedras, ovos, quebraram os vidros no ônibus que iam Lula e Dilma. Ainda acham que está simples, que não há restrição democrática no Brasil? Tudo se liga, todos os crimes políticos que estamos vivendo hoje. Nesse momento, em que vai ser julgado um habeas corpus, não é possível que o STF não entenda o que está acontecendo no Brasil e a perseguição clara e aberta que se faz com uso, inclusive, de agentes públicos”, pontuou a parlamentar.

Segundo ela, é preciso ainda que nenhuma dessas ações justifiquem mais restrição democrática. “Tudo isso exige de nós mais democracia.”

A vice-líder comunista deputada Alice Portugal (BA) também repudiou os ataques. Para ela, é um demonstrativo do clima de ódio e intolerância no Brasil, e se assemelha a atos de terrorismo. “Esse clima de ódio e intolerância expande o terrorismo no Brasil. Grupos de direita estão atuando como milícias. Querem afastar o povo da política, inclusive atentando contra a vida de um líder popular”, destacou Alice, que também responsabilizou o governo tucano de Beto Richa, no Paraná, pela omissão dos agentes de segurança no caso.

“Eles sabiam da visita de Lula no estado e da reação negativa dos grupos de direita, mas nada fizeram para impedir os ataques”, disse.

Em nota, a presidenta nacional do PCdoB, deputada Luciana Santos (PE), e a pré-candidata à Presidência da República pela legenda, Manuela D’Ávila (RS), afirmam que é “inadmissível a leniência e a omissão dos governos estaduais e também do governo federal em garantir a segurança do ex-presidente e de sua comitiva”.

Para o PCdoB, esses atos devem ser exemplarmente punidos e devidamente contidos “como determina a Constituição Federal”.

“Forças políticas de caráter fascista – que vieram à tona no curso do golpe de agosto de 2016 -, querem calar e até eliminar fisicamente quem pensa diferente e, se não forem devidamente contidas e punidas como determina a Constituição Federal tentarão criar um clima de violência e polarização no processo eleitoral que apenas se inicia. Engana-se quem julga que se trata somente de um ataque ao Partido dos Trabalhadores e ao seu maior líder. Os tiros a caravana alvejam a democracia e ao que resta do Estado Democrático de Direito”, descreve a nota.
A Polícia Civil declarou que abriu inquérito para investigar o caso e que será feita uma perícia nos ônibus Já a Polícia Militar afirmou que aumentou o policiamento no local da caravana.