Sousa Júnior: Respeitem o poste, ele pode iluminar o Brasil

“Com o apoio de Lula e tendo ao lado Manuela D’Ávila podem até chamar Haddad de ‘poste’, mas será um poste capaz de iluminar o Brasil e trazer de volta a democracia, restaurando a soberania do país e o desenvolvimento nacional, com inclusão social e justiça para todos”.

Por Sousa Júnior*

eleições 2018

Crescem as manifestações diante da possibilidade, cada vez mais evidente, de Lula indicar um substituto devido ao provável impedimento de sua candidatura pelos golpistas do poder judiciário. A apresentadora do Jornal da Globo, Renata LoPrete, reconheceu que “Lula tem força para empurrar ‘um poste’ pro segundo turno”. Ciro tem dito que o “Brasil não pode ser governado por procuração”. Pesquisa XP/Ipespe revela um salto de Fernando Haddad de 2% para 13%, quando ele é apresentado como candidato do Lula. Não há dúvida, o ex-prefeito de São Paulo e coordenador da campanha petista é o “poste” que poderá ser apoiado por Lula.

Os adversários de Lula, golpistas ou não, apressam-se em desconstituir a imagem de Haddad, cuja candidatura substituta parece ser inevitável, a não ser que o PT insista na tese do Lula ou nada, isto é, manter Lula candidato mesmo com o provável indeferimento de sua candidatura, o que levaria e está levando ao impedimento da unidade da esquerda. Explicando: se Lula não for substituído até 17 de setembro, uma vez indeferida sua candidatura, todos os votos que lhe forem atribuídos serão anulados. Neste caso, disputarão o segundo turno, provavelmente, Alckmin e Bolsonaro, o que seria uma tragédia para o país, para o próprio PT e quem com ele se coligar.

Apesar dessa incerteza sobre qual caminho o PT irá trilhar, o vice-presidente do PCdoB e secretário de Relações Internacionais, Walter Sorrentino, na edição de 24/7 do portal Vermelho, ao criticar quem ironiza a unidade, afirma que “nunca é tarde para a unidade, pactuações progressivas sem vetos, pensar no país para acima e além dos interesses legítimos de cada um de nossos partidos”. Diante da impossibilidade de se formar agora uma frente ampla, como defende o PCdoB, Sorrentino conclama em seu artigo: “Que seja a unidade possível”.

Esse é o ponto e o motivo deste nosso comentário: qual a unidade hoje possível entre a esquerda? O PSOL, desde o início, descartou essa possibilidade alegando razões programáticas. Ciro tem rejeitado a união com o PT alimentando as divergências de alguns setores petistas que reagem no mesmo tom contra Ciro. Ainda há chance de o PT se coligar com o PSB a nível nacional se alguns acertos estaduais forem feitos, como em Pernambuco. O caminho, portanto, para fechar uma chapa de esquerda é o PCdoB, com Manuela na vice e Haddad substituindo Lula no momento em que for declarada sua inelegibilidade.

O ex-prefeito de São Paulo, por ter administrado com competência, ética, transparência e modernidade a maior cidade do País, é o candidato ideal para enfrentar o tucanato paulista, tanto a desastrada gestão de Doria, quanto o líder da coligação mais reacionária e golpista desta eleição, Alckmin, que não por acaso reúne os maiores corruptos do País. Haddad, que foi ainda um bom ministro da educação, por si só já seria um ótimo candidato a presidente. Já com o apoio de Lula e tendo ao lado como vice-presidenta Manuela D’Ávila podem até chamá-lo de “poste”, mas será um poste capaz de iluminar o Brasil e trazer de volta a democracia, restaurando a soberania do país e o desenvolvimento nacional, com inclusão social e justiça para todos. Resta saber se o PT vai adotar esse caminho para vencer a eleição ou deixará Alckmin ser eleito.


*Sousa Júnior é publicitário e diretor da web rádio Atitude Popular.

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