Final da Libertadores deveria ser disputada na Argentina

É mais do que óbvio e evidente que a segunda, e decisiva partida, da final da Libertadores da América, entre River Plate e Boca Juniors, transformou-se em um grande imbróglio. As pedras arremessadas pelos torcedores do River encurralaram a partida para o canto da disputa no ardiloso campo político.

Por Ricardo Flaitt*

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 São válidas e pertinentes todas as discussões e análises sobre a violência no futebol, a capacidade de organização e o sistema de segurança público argentino, que vacilou na condução da chegada dos xeneizes.

No entanto, frente ao ocorrido e com a necessidade de fornecer respostas rápidas (o que, em geral, sempre conduz ao erro), a Conmebol entrou em campo, fazendo com que a Bola, que deveria ser priorizada ao centro do debate, a cada dia que passa sem uma solução com lastros mínimos com a realidade, segue murchando.

Infelizmente, o emaranhado político e burocrático, que mata o futebol, não se restringe à Conmebol. Boca e River também deixaram o gramado e a Bola de lado para adentrarem no túnel dos recursos jurídicos: inesgotáveis, ora inexplicáveis, kafkanianos.

Para os amantes do esporte futebol, recaímos na constatação óbvia de que uma decisão com tamanha importância não pode sequer ser imaginado resultado final em um placar eletrônico que estampe cláusulas no lugar de escalações. É fundamental que a partida seja realidade no gramado, no estádio.

Transferir a decisão da Libertadores para outro país é ampliar o erro. Não só porque aparta os torcedores, mas também porque expatria o futebol da Argentina e da América do Sul, como se assinando um termo de incompetência e incapacidade.

A finalíssima deveria ser realizada dentro do território argentino, com o direito do River jogar diante de sua torcida. Há que se considerar que, diferente do gás dentro do estádio da Bombonera, os atos de vandalismo de uma minoria dos torcedores do River aconteceram nos arredores do Monumental.

Muito improvável frente aos desdobramentos e à burrice e ao oportunismo político, no entanto, a decisão deveria acontecer na casa do River, com – obviamente – todos os ajustes e aparatos possíveis que um país dispõe para proporcionar a segurança necessária à realização de uma partida de futebol.

Para remontar a taça, que se despedaçou com a pedras lançadas, há que se juntar os cacos realizando esta partida na Argentina. De preferência, no Monumental. Na pior das hipóteses, em outro estádio argentino.

Conmebol, Boca e River estão tomando decisões e caminhos que estão matando a si mesmos. As batalhas jurídica e política esvaziam a único ar que bombeia o coração do torcedores: a bola rolando.