IBGE vai passar a monitorar registros de covid-19

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) vai iniciar um monitoramento nacional do novo coronavírus, que teve o primeiro […]

(Foto de Rovena Rosa/ABr)

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) vai iniciar um monitoramento nacional do novo coronavírus, que teve o primeiro paciente registrado no Brasil no dia 26 de fevereiro. Hoje (2), os casos chegam a 6,8 mil, com 241 mortes confirmadas em decorrência da doença no país.

Segundo o IBGE, a parceria fechada com o Ministério da Saúde vai implementar uma versão inédita da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (Pnad Contínua), com foco no monitoramento da covid-19. A pesquisa tem como objetivo identificar indivíduos com sintomas do novo coronavírus, bem como a demanda e a oferta de serviços de saúde pública. Essas informações vão subsidiar as políticas públicas do Ministério da Saúde.

O estudo formará um “painel longitudinal representativo da população brasileira”, de acordo com o instituto, aplicando o questionário para o mesmo grupo de pessoas, a fim de apresentar os resultados dos casos de síndrome gripal em dados agrupados para Brasil, grandes regiões e unidades da Federação.

Mercado de trabalho

A pesquisa levantará também informações da população relacionadas a trabalho e emprego. “Vamos investigar se a pessoa está na força de trabalho, ou se a pandemia a jogou para fora da força de trabalho. E relacionar isso com as pessoas que estão com sintomas”, diz o diretor adjunto de pesquisas do IBGE, Cimar Azeredo.

O IBGE vai identificar ainda as pessoas que estão em teletrabalho, quantas horas estão trabalhando, além de fazer um mapeamento da informalidade. O objetivo é avaliar como essa pandemia modificou o trabalho no Brasil. “Será uma pesquisa muito objetiva e rica, mostrando os reflexos do confinamento social no mercado de trabalho brasileiro”, reforça Azeredo.

“O grande desafio de todo o processo é que as pessoas atendam o IBGE. A população tem de ter ciência de que é importante atender os pesquisadores do IBGE para que o Brasil conheça qual a prevalência de pessoas com sintomas, pois estamos num período de avanço da doença. E como o governo tem de se organizar para desenhar políticas para que a população possa receber transferência de renda, saber quantas perderam o emprego, quantas estão conseguindo trabalhar de casa. Uma vez recebendo uma ligação, a pessoa tem de saber que ao responder à pesquisa, está exercendo um ato de cidadania”, reitera Azeredo.

Dados coletados

“O instrumento rápido proposto pelo IBGE junto à PNAD Contínua focará nas pessoas com sintomas de síndrome gripal, mostrando com precisão a quantidade e o crescimento ou não do número de casos de Covid, nas principais cidades brasileiras. O apoio do IBGE neste momento de pandemia é estratégico para o Ministério da Saúde identificar o tamanho real da epidemia, e a tomada de decisão para orientar o Sistema Único da Saúde (SUS) bem como o papel das equipes de Saúde da Família a fim de minimizar os efeitos da pandemia na vida das pessoas”, analisa o Secretário de Atenção Primária à Saúde do Ministério da Saúde, Erno Harzheim.

Azeredo reforça que o IBGE está junto do Ministério da Saúde no enfrentamento desta pandemia  e que as data do início da coleta e das primeiras divulgações ainda serão definidas. “A pesquisa vai mostrar o percentual da população brasileira com sintomas de Covid, se buscou atendimento e, se foi internada, quais foram os procedimentos adotados. A ideia é que os resultados sejam divulgados semanalmente. O IBGE tem clareza de que isso tem de ser feito para ontem. Estamos envidando esforços para colocar essa pesquisa na rua o mais rápido possível”, afirma.

Ele informa que será um questionário curto para investigar se a pessoa está tendo algum tipo dos sintomas preconizados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como os mais característicos do coronavírus – febre, tosse, dor de garganta, dificuldade de respirar. O diretor adjunto do IBGE observa que um dos objetivos é identificar o comportamento da população, lembrando que o cenário atual é muito novo e cada vez mais teremos pessoas conhecidas acometidas pela doença.

“O questionário levantará também qual providência a pessoa tomou, se procurou um estabelecimento de saúde, buscando atendimento na UPA ou hospital do SUS ou privado. E, caso não tenha ido, o que fez: se foi a uma farmácia ou recebeu a visita de algum profissional de saúde”, acrescenta Azeredo.

Logística

Chamado de Pnad-Covid, o levantamento será feito pelo IBGE de forma remota, com pesquisa por meio do telefone com as mesmas pessoas por pelo menos três meses. As estatísticas oficiais obtidas serão divulgadas semanalmente.

O IBGE já está contando com o apoio da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), no fornecimento de dados para a realização da pesquisa. E está buscando contato com as demais operadoras de telecomunicações para que também participem desse projeto.

O detalhamento da pesquisa e o cronograma ainda não foram finalizados pelo IBGE.

O IBGE já vinha apoiando o Ministério da Saúde, e o Brasil, no combate ao coronavírus. Em relação a pesquisas relacionadas à Covid-19, o IBGE continua apoiando o Ministério da Saúde com sua expertise estatística em várias frentes, inclusive através de módulos específicos dentro de suas pesquisas domiciliares que estão sendo feitas de forma remota (online/por telefone). Esse trabalho não envolverá a coleta de campo e o “inquérito sorológico”.