Quarentena paulistana vai ser prorrogada com mais rigidez

Edson Aparecido disse que prefeito já decidiu que não tem “como relaxar nas medidas de isolamento”. Notificações da doença passaram de 812 por dia para 3.400 em uma semana.

Marginal Tietê registra grande movimento de carros na manhã nesta quinta (30). — Foto: Reprodução/TV Globo

A cidade de São Paulo terá a quarentena prorrogada após o dia 10 de maio e vai adotar restrições mais rígidas para impedir o avanço do coronavírus na cidade. Nesta quarta-feira (29), a cidade registrava 1.456 mortos pela doença.

“Já há uma decisão tomada, nós não temos como relaxar as medidas de isolamento a partir do dia 10 de maio. Na capital é absolutamente impossível fazermos isso, ao contrário, nós estamos iniciando uma discussão na prefeitura para que a gente possa fortalecer algumas dessas medidas para que a gente consiga fazer com que o isolamento na cidade possa crescer desse patamar de 48%”, afirmou o secretário municipal da Saúde, Edson Aparecido.

A partir do dia 11 de maio, o governo do estado deve flexibilizar o funcionamento do comércio em algumas regiões em que há poucos casos da Covid-19.

Entre as novas restrições, a Prefeitura de São Paulo deve bloquear algumas vias da cidade. “Você faz um processo de bloqueio e reduz muito [tráfego] fazendo com que as pessoas se desestimulem a sair de casa, sobretudo nas regiões onde a pressão no sistema de saúde tem aumentado continuamente”, disse Aparecido. Entre as regiões que devem ter os bloqueios estão Brasilândia, no extremo Norte da capital. O distrito de Brasilândia registra o maior número de mortos da cidade, com 81 mortes até o dia 24 de abril.

Aumento de notificações

Com isolamento social em torno de 48% nos últimos dias, a cidade de São Paulo teve um aumento significativo de novos casos confirmados da doença, passando de uma média de 812 notificações por dia para 3.400, segundo a Secretaria Municipal da Saúde.

“Se nós acrescentarmos ao número de mortes confirmadas, as mortes suspeitas, nós ultrapassamos 3.100 pessoas na cidade, o que é bastante grave. E, nos últimos 4, 5 dias, houve uma mudança significativa dos números a partir de sexta-feira (24). Do dia 26 de fevereiro, quando teve o primeiro caso na cidade até o dia 23 de abril, nós tivemos 45.518 notificações, uma média de 812 notificações por dia. Em apenas 3 dias, dia 24, 25 e 26 [de abril], isso saltou para 56 mil notificações. Ou seja, nós saímos de 812 para pouco mais de 3.400 notificações por dia”, afirmou Edson Aparecido.

A falta de adesão da população ao isolamento social preocupa o governo, já que o reflexo da contaminação pode ser refletido em uma média de 10 a 15 dias, quando deve ser registrado o pico da doença no mês de maio. Com o aumento repentino de casos de coronavírus na cidade, o sistema de saúde fica sobrecarregado e não consegue absorver novos pacientes.

“Isso significa que nós estamos começando de uma maneira muito acelerada o processo de disseminação da doença na cidade e obviamente seus óbitos. Não há menor sombra de dúvida que definitivamente nós iniciamos a subida dessa chamada curva em uma velocidade muito acentuada”, argumentou.

Para o secretário, o isolamento social em São Paulo fez com que a doença demorasse mais para chegar ao interior do estado.

Bairros com maior números de mortes até 24 de abril:

  • Brasilândia (Zona Norte) – 81 mortes
  • Sapopemba (Zona Leste) – 77 mortes
  • São Mateus (Zona Leste) – 58 mortes
  • Cidade Tiradentes (Zona Leste) – 51 mortes
  • Vila Nova Cachoeirinha (Zona Norte) – 50 mortes
  • Sacomã (Zona Sul) – 50 mortes
  • Freguesia do Ó (Zona Norte) – 47 mortes
  • Capão Redondo (Zona Sul) – 46 mortes

Ranking dos bairros de São Paulo que registraram os maiores números de mortes confirmadas ou suspeitas de coronavírus até 24 de abril — Foto: Divulgação Prefeitura de SP

Com informações do G1

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