ONU mostra que 15 mil morrem por doenças ligadas à falta de saneamento

Marcos Boulos diz que “doenças entéricas, por intoxicação ou infecção alimentar”, são os principais problemas de saúde causados pela falta de saneamento básico

Na periferia de Belém praticamente inexiste rede de esgotos.

A Organização Mundial da Saúde estima que anualmente 15 mil pessoas morram e 350 mil sejam internadas no Brasil devido a doenças ligadas à precariedade do saneamento básico. Cerca de 35 milhões de brasileiros não têm acesso a água tratada e metade da população não tem serviços de coleta de esgoto. Estes números vêm piorando de 2010 para 2018, com redução do atendimento do fornecimento de água tratada, esgotos e coleta de lixo.

As regiões Norte e Nordeste são as que mais sofrem com o problema.  “Doenças entéricas, por intoxicação ou infecção alimentar, são os principais problemas de saúde causados pela falta de saneamento básico” diz Marcos Boulos, professor do Departamento de Moléstias Infecciosas e Parasitárias da Faculdade de Medicina da USP e coordenador de Controle de Doenças da Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo. Ele explica que a falta de saneamento leva as pessoas a tomar água de fontes suspeitas e comer alimentos sem higienização adequada.

Várias doenças são agravadas devido ao contato com ambientes insalubres. A diarreia é a segunda maior causa de mortes em crianças abaixo de 5 anos de idade, segundo a Unicef – Fundo das Nações Unidas para a Infância. Dados da OMS revelam que 88% das mortes pela doença no mundo são causadas pelo saneamento inadequado. As crianças são as mais afetadas, 84%. Gasta-se centenas de milhões de reais em recursos para tratamento desse tipo de doença.

No Brasil, em 2008, 15 mil brasileiros morreram devido a doenças relacionadas à falta de saneamento. Boulos lembra que “o saneamento básico é uma necessidade única do cidadão onde você mantém a qualidade de vida, de tudo o que você come e o que você bebe”.

Para ele, o marco do saneamento aprovado no Congresso Nacional vem muito tarde para atender demandas históricas. “Deveria existir saneamento básico há muito, muito tempo. Em nosso país o saneamento básico nunca foi prioridade porque, como diziam os políticos da antiga guarda, saneamento básico é como você enterrar o dinheiro e não aparece o político para sua eleição”.

Edição de entrevista à Rádio USP

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